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Saúde Indígena
Palestrantes destacam os desafios e as complexidades no cuidado ao uso abusivo de álcool entre indígenas
Psicólogos, antropólogos, juristas, pesquisadores, profissionais de saúde e indígenas estiveram reunidos na noite desta segunda-feira (12) para dar início a I Oficina “Povos Indígenas e Necessidades Decorrentes do Uso do Álcool: Cuidados, Direito e Gestão”. A abertura solene do encontro aconteceu no Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília (DF), e contou com um momento de reflexão sobre as complexidades inerentes ao tema, bem como sobre os desafios colocados na necessária integração de esforços intersetoriais para conformação de linhas de cuidados conjuntas. A oficina segue até esta quarta-feira (14).
“O tema é muito complexo, pois não há uma receita, uma fórmula que se aplique a qualquer realidade indígena. Também precisamos ter em mente que ninguém aqui está procurando políticas de coibição, mas, sobretudo, entender que necessidades são essas”, disse a antropóloga da Diretoria de Atenção à Saúde da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Roberta Aguiar.
De acordo com ela, o principal desafio colocado à sociedade e ao Estado brasileiro, no tocante ao combate ao alcoolismo nas aldeias indígenas, está na conformação de linhas de cuidado conjuntas, que possibilitem identificar o problema e construir soluções voltadas ao bem-viver.
“A Sesai tem avançado muito nos últimos anos, graças à implementação de uma linha de cuidado nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) e aos esforços para capacitar todas as equipes de saúde mental. Acredito que precisamos avançar mais na promoção à saúde, e isso conseguiremos construindo conjuntamente com outros atores as linhas de cuidado no território”, complementou Roberta.
A necessária integração de esforços de outros setores do Governo Federal, bem como da sociedade civil, também foi destacada pela liderança indígena, xamã do Alto Rio Negro, Álvaro Tukano, como condição para promover o bem-estar das comunidades indígenas.
“O Estado precisa estar mais presente nas aldeias indígenas. Nossos jovens precisam de mais opções. O alcoolismo é uma doença que precisa ser tratada e combatida, mas não como um tema policial, mas como um tema a ser discutido nas escolas, envolvendo os nossos jovens”, disse.
Experiências
Nesta terça-feira, a Oficina segue com palestras e momentos para trocas de experiências entre os participantes. Para Oraide Siqueira, psicóloga que atua no DSEI Médio Rio Solimões, em Tefé (AM), o momento é de trocar experiências e adquirir mais conhecimento. “Chego com a expectativa de levar mais conhecimento e ter acesso a novas ferramentas que nos orientem no trabalho de campo”.
Além de Oraide Siqueira, também participam da oficina as referencias técnicas para saúde mental de cada DSEI.
Texto: Felipe Nabuco (Sesai/MS)
Fotos: Alejandro Zambrana (Sesai/MS)