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Into bate recorde de captações de ossos e tendões para transplantes
Banco Multitecidos do instituto, o maior do SUS para esse tipo de doação, registrou aumento de 31% nas captações de janeiro a outubro. Cada doação beneficia até 40 pessoas
O Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into), órgão do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro (RJ), já alcança este ano marca inédita em captação de ossos, tendões e articulações. O Banco Multitecidos do instituto registrou de janeiro a outubro deste ano um aumento de 31% em relação ao mesmo período de 2015. As doações saltaram de 29 para 38, quantidade capaz de beneficiar até 1.520 pessoas em todo o país. Cada doação beneficia até 40 pacientes com problemas traumato-ortopédicos.
As captações de córneas, também realizadas pelo Into, registram aumento de 67%. Foram 193 doações em comparação às 115 do ano passado, outro recorde. “Os resultados refletem o esforço da equipe do Banco Multitecidos do Into na orientação e conscientização dos profissionais de saúde que atuam na assistência no Rio de Janeiro. Os profissionais do Into atuaram em conjunto ao Programa Estadual de Transplantes, para orientar em diversos hospitais sobre a importância da abordagem aos familiares de potenciais doadores de ossos e demais tecidos”, ressalta o diretor-geral do Into, Christiano Cinelli.
Essa notificação realizada pelos profissionais nos hospitais da rede estadual, identificando possíveis doadores e abordando as famílias, esclarecendo dúvidas em relação à doação, é considerada fundamental no processo de captação. O aumento registrado também se deve à rotina de captação feita em outros estados pelos profissionais do Banco Multitecidos, auxiliando locais que não contam com equipes captadoras de tecidos.
Um exemplo é a Central de Transplantes do Paraná, que notifica o Into sobre possíveis doadores. A equipe do Into avalia a situação do doador e, com suporte logístico da Força Aérea Brasileira (FAB), realiza a captação. A última ocorreu na semana passada em Foz do Iguaçu.
TABU – Na avaliação do coordenador do Banco Multitecidos, Rafael Prinz, a conscientização sobre a importância desse tipo de doação está aumentando no país. Mas embora seja atualmente registrado um aumento nas captações, doações de ossos, articulações e tendões ainda enfrentam um tabu. Em pesquisas prévias realizadas no próprio Into, a equipe constatou que há receio da população.
“Lidamos com o desconhecimento, com uma visão que, em relação aos transplantes de órgãos em geral, já foi até superada. A verdade é que na captação do que chamamos tecidos musculoesqueléticos (ossos e tendões), nas regiões onde ocorre o procedimento, é realizada a reconstrução com material sintético. Os corpos são sempre entregues íntegros”, esclarece Prinz.
O Banco de Multitecidos do Into é atualmente o que mais disponibiliza tecidos para cirurgias ortopédicas no Brasil. Segundo Prinz, 37,8% dos transplantes de tecidos musculoesqueléticos no Brasil, entre o 1º semestre de 2013 e o 1º semestre de 2016, foram realizados com ossos e outros tecidos fornecidos pelo Into.
O instituto é ainda o segundo maior hospital transplantador do Brasil em quantidades de materiais utilizados em cirurgias ortopédicas, de acordo com o Ranking das Instituições divulgado pelo Registro Brasileiro de (RBT) no primeiro semestre de 2016.
NOVA VIDA PARA O PACIENTE – O Into mantém equipes preparadas para realizar captações 24 horas por dia 365 dias do ano. Todo o procedimento, desde a captação, processamento, armazenamento e distribuição do tecido a ser transplantado é gratuito para os receptores.
São pacientes como Cristiano Vieira da Silva que têm a vida transformada com esse tipo de doação. Em novembro de 2015, em Roraima, a dor no quadril fez a equipe médica que o examinou acreditar que se tratava de uma fratura. O diagnóstico de tumor no quadril veio após a sua transferência, em 3 de outubro deste ano, para o Into. “Tive dúvidas se voltaria a andar novamente”, conta. Aos 38 anos, Silva teria que substituir todo o quadril.
No último dia 10 de novembro, a cirurgia foi realizada no Into utilizando um quadril captado pelo Banco Multitecidos do Instituto. Silva se recupera bem e já é capaz de sentar, mexer os dedos dos pés e ir ao banheiro sem ajuda. “Não sei como eu estaria sem o transplante. Achei que perderia minhas pernas. Vou agradecer o resto da minha vida”, comemora.
BANCO DE PELE – Com o objetivo de ampliar ainda mais o serviço, o Into prepara para 2017 a abertura de um banco de pele, que ficará localizado nas mesmas instalações onde já funciona há mais de 16 anos o banco de tecidos musculoesqueléticos (ossos, tendões, menisco, cartilagem) e córneas, na sede do Instituto, na Avenida Brasil, zona Norte do Rio. A ideia é otimizar recursos, trabalhando vários tipos de tecidos em um mesmo espaço.
Os principais beneficiados deverão ser os pacientes que sofreram queimaduras em grande parte do corpo e que poderão contar com curativo biológico durante a fase mais sensível do tratamento. O objetivo é tornar o Into fornecedor de pele para grandes centros de tratamento de queimados do Estado, e assim melhorar a qualidade de vida destes pacientes.
O cirurgião plástico Victor Maselli, responsável pelo Banco de Pele em implantação, conta que, para as pessoas com mais de 50% do corpo queimado, a pele captada funciona como um curativo biológico que alivia a dor e protege contra infecções. “Além disso, acelera a recuperação e, consequentemente, diminui o tempo de internação e também reduz sequelas na pele”, acrescenta.
Por Adriano Schimit, da Ascom/MS/RJ
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