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Saúde Indígena
Equipes vão iniciar etapa local de elaboração dos Planos Distritais de Saúde Indígena
A gestão e o controle social dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) já estão preparados para iniciar o processo de construção local do Plano Distrital de Saúde Indígena (PDSI) para o quadriênio 2016-2019. Coordenadores de distritos e presidentes dos Conselhos Distritais de Saúde Indígena (Condisi) reuniram-se, em Brasília, com a tarefa de atentar para as especificidades e detalhamentos das demandas dos DSEIs, da coleta de indicadores de saúde e do cronograma de ações para elaboração do Plano.
Takwyry Kayapó, presidente do Condisi Kayapó do Pará, lembra que vem participando da elaboração do PDSI desde o início e que, para o controle social, essa construção coletiva é um marco. “Nós estamos tendo a oportunidade de estar junto com a Sesai, elaborando as propostas que poderão beneficiar, de fato, as necessidades que temos e que precisam ser solucionadas na ponta”. Em sua avaliação, a saúde da região avançou significativamente, sobretudo devido ao Programa Mais Médicos.
“São muitas conquistas e avanços. O índice de mortalidade infantil diminuiu, conseguimos levar água de melhor qualidade – e tratada – para as comunidades. Conseguimos trabalhar, em parceria com as equipes, o monitoramento, acompanhamento e avaliação da criança, gestante e idoso. E isso tudo com a contribuição fundamental do Programa Mais Médicos. Sabemos que eles são especialistas em medidas preventivas e, atualmente, isso tem feito a diferença na saúde indígena”, relata.
Esse trabalho coletivo e parceiro relatado por Takwyry é ressaltado pela coordenadora do DSEI Alagoas e Sergipe, Genilda Leão da Silva. “Dos avanços que tivemos no quadriênio 2012-2015, um dos maiores foi com o nosso controle social. Hoje temos sala, auditório para as reuniões, equipamento de apoio ao trabalho do Condisi e carro para que ele possam se deslocar às reuniões locais. Temos feito, também, muitas reuniões descentralizadas do Conselho Distrital. Hoje, somos outro DSEI, com o controle social em consonância conosco”.
O coordenador do DSEI Potiguara, Adriano Simões Andrade, pontua que todo processo de planejamento é complicado e que o interesse do Distrito para 2016-2019 é ver todo o trabalho estrutural, sedimentado no período anterior, funcionando e avançando.
“A realidade do DSEI Potiguara é bem diferente da maioria dos outros Distritos, pois temos, praticamente, todas as aldeias com sistema de abastecimento de água e unidades básicas de saúde indígena na maioria delas. Então, nosso grande desafio é fazer que essas estruturas continuem em funcionamento, com manutenções regulares, prédios em boas condições de uso, e assegurando também tratamento de água adequado”, pontua Adriano.
DIÁLOGO
Maria Lucilene Tremembé – mais conhecida como Lucinha Tremembé –, presidente do Condisi Ceará, afirma que o diálogo é a melhor forma de resolver as divergências e que, no DSEI Ceará, ele é a palavra de ordem. Tal qual seus colegas presidentes de Conselhos e coordenadores de DSEI, ela acredita que é preciso investimento em infraestrutura física. “Antes, nossa prioridade eram os sistemas de abastecimento de água, que serão inaugurados até meados de 2016. Assim, para o próximo PDSI nossa prioridade será construir unidades básicas de saúde indígena e, depois, os pontos de apoio”, frisa.
Em comum, todos ressaltaram a necessidade de aferir as demandas e prioridades dos territórios. “É preciso colocar tudo na ponta da caneta, definindo aquelas situações que consideramos prioritárias, mas também trabalhando na conscientização da comunidade sobre o uso e os gastos desnecessários. Temos a missão de fazê-la compreender que tudo o que é repassado para e pela saúde indígena deverá ser gasto com o que é essencial. O cenário atual não é fácil; precisamos controlar e permitir que a nossa saúde aconteça, sem deixar tudo na responsabilidade do DSEI e da Sesai. Nós, indígenas, estamos tendo a oportunidade de conhecer, avaliar e de acompanhar um sistema que está acontecendo”, salientou Takwyry Kayapó.
Por Déborah Proença
Fotos: Alejandro Zambrana / Sesai-MS