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Saúde Indígena
Profissionais debatem reorganização da atenção básica em territórios indígenas
Até a próxima sexta-feira (18), em Brasília, equipes da área de Atenção à Saúde e os apoiadores da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) nos 34 DSEIs [Distritos Sanitários Especiais Indígenas] estarão reunidos em oficinas de trabalho que buscam discutir a reorganização da atenção básica em territórios indígenas e aspectos da assistência à saúde desses povos nas redes do SUS. O encontro dos profissionais começou na última segunda-feira (14), com a presença do secretário Especial de Saúde Indígena, Antônio Alves de Souza.
Ao lembrar o marco de cinco anos de criação da Secretaria, a ser celebrado no próximo mês de outubro, Antônio Alves destacou avanços importantes na atenção à saúde das populações indígenas e pontuou desafios que estão postos à gestão. “Um dos nossos maiores desafios, hoje, é reestruturar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS) em consonância com a reestruturação do Sistema Único de Saúde. Precisamos qualificar nossa atuação a cada dia, fortalecendo a articulação com estados e municípios e melhorando os indicadores de saúde em todas as 305 etnias”, afirmou o secretário.
O coordenador-geral de Gestão da Atenção Básica, da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) do Ministério da Saúde, Dirceu Klitzke, afirmou que a atenção básica não deve ser pensada apenas como promoção e prevenção. “Não é fazer atenção programática; é fazer isso bem e estar em contato com outros gestores para ampliar o atendimento, tornando-o acessível e acolhedor ao estabelecer um vínculo para o cuidado desses pacientes”.
Vera Bacelar, coordenadora-geral de Atenção Primária à Saúde Indígena, disse que o principal desafio da Sesai na atenção básica é garantir o acesso humanizado, com qualidade e articulado com os demais setores. “Durante uma visita a uma aldeia, por exemplo, eu não posso fazer apenas vacinação em um dia, diagnósticos de malária em outro e serviços de saúde bucal no terceiro. Eu preciso, em todos os momentos, trabalhar de forma integrada. Esse é um grande desafio que certamente trará um impacto bem maior às ações de saúde”, pontuou.
O chefe da Divisão de Atenção à Saúde Indígena (Diasi) do DSEI Mato Grosso do Sul, Wanderley Guenka, acredita que o grande desafio é a integração da saúde indígena a partir do próprio Ministério. “É muito difícil para nós, lá na ponta, articular com o Estado, municípios e chefes de postos de saúde para viabilizarem em conjunto com o DSEI as ações de saúde. A maioria diz que não é responsabilidade deles. Por isso, é importante que essa pactuação saia daqui, afinal, os mesmos programas que existem na Sesai estão no SUS, a diferença é que aqueles estão adequados às necessidades dos povos indígenas”, observou.
Edemilson Canale, apoiador do Distrito Mato Grosso do Sul, acredita que o primeiro passo para garantir essa integração é organizar a atenção básica dentro do Subsistema. “Precisamos ser mais resolutivos naquilo que é nossa responsabilidade. Temos várias linhas de atuação, mas o principal foco é a atenção básica, e se não ajustarmos essa política corremos o risco de não cumprir nossa missão institucional”, destacou o apoiador.
Para André Luiz Martins, chefe da Diasi do DSEI Litoral Sul, a atividade em Brasília representa o momento de consolidar os processos de trabalho nos distritos. “Temos que sair daqui com alguns pontos práticos. Eu acredito que todos os programas do Ministério da Saúde que forem implantados na saúde indígena vão dar certo, como já temos o Mais Médicos e o Brasil Sorridente. Outros programas, como o PMAQ [Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica] e o Requalifica UBS [Unidades Básicas de Saúde], eu vejo como prioritários. Vamos trabalhar para reorganizar nossa estrutura e assegurar uma saúde indígena com mais qualidade”, concluiu André.
PROGRAMAÇÃO
Na terça-feira (15), os participantes da oficina discutiram questões sobre o Plano Distrital de Saúde Indígena (PDSI) e os indicadores de Atenção. Nesta quarta (16), os temas serão os protocolos de acesso e regimento interno e os avanços com o programa Mais Médicos. Na quinta-feira (17), os apoiadores e chefes de Diasi serão divididos em dois grupos: o primeiro vai discutir o Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES); o segundo, o trabalho das equipes multidisciplinares de saúde indígena. No último dia, os participantes farão uma reflexão sobre o fortalecimento das relações entre os setores da Sesai.
Por Graziela Oliveira
Fotos: Alejandro Zambrana / Sesai-MS
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