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Saúde Indígena
Comissão Intersetorial promove debate sobre comunidades isoladas e de recente contato
O reconhecimento dos indígenas isolados e recém-contatados foi pauta do primeiro dia de debates na reunião ordinária da Comissão Intersetorial de Saúde Indígena (CISI), na manhã desta terça-feira (1º), em Brasília (DF). O encontro, que contou com a participação do secretário Especial de Saúde Indígena, Antônio Alves de Sousa, teve como objetivo apresentar diretrizes para realização de um trabalho adequado com esses povos.
A representante da Fundação Nacional do Índio (Funai), Clarisse Jabur, explicou que a política que vem sendo desenvolvida para esta população mudou. “Percebemos que fazer contato com o índio e levá-lo a uma aldeia para que ele se socializasse com os demais estava causando graves consequências, principalmente em relação à saúde, pois tivemos casos de povos que desapareceram. A escolha de ficar isolados é deles e isso precisa ser respeitado, o que não quer dizer que não vamos prestar a assistência necessária, mas é preciso discutir como isso será feito”, pontuou.
Para Clarisse, entre os principais desafios para viabilizar a política que norteia esses povos, estão a necessidade de criar protocolos diferenciados, a dificuldade de reprodução das populações pequenas, a articulação entre as instituições que lidam com a causa indígena, o respeito às culturas e a interlocução com a medicina tradicional. “Precisamos saber, caso a caso, até onde podemos intervir na relação com os povos de recente contato”, concluiu.
A diretora do Departamento de Atenção à Saúde Indígena (DASI) da Sesai, Danielle Cavalcanti, apresentou o mapa de localidade das terras indígenas onde existem povos de recente contato. “Até pouco tempo a gente não trabalhava com esses grupos. Identificar quais DSEIs [Distritos Sanitários Especiais Indígenas] fariam o atendimento no caso de um contato ajudou a montar o plano de ações da Secretaria, com programas de imunização, atenção básica, saneamento, entre outros”, comenta.
Em 2014, três povos indígenas passaram pelo processo de quebra de isolamento: Sapahnaua, no Acre; Kombo, no Amazonas; e Awá-Guajá, no Maranhão. Para este ano, as estratégias são elaborar uma portaria sobre Atenção à Saúde dos Povos Isolados e Recente Contato, uma norma técnica sobre o assunto e material de apoio aos distritos; além de qualificar e formar equipes de saúde para colocarem em prática os planos de contingência.
“Já foram realizadas duas oficinas, uma no Maranhão e outra no Vale do Javari. A Sesai leva a capacitação para dentro do território do DSEI e depois para a terra indígena onde estão esses povos isolados, justamente para que a equipe de saúde possa viver o plano de ação que será executado”, acrescenta Danielle.
Para o secretário Especial de Saúde Indígena, Antônio Alves de Sousa, capacitar as equipes é uma discussão que precisa ser incorporada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de uma maneira geral. “Ter profissionais qualificados [para atender povos recém-contatados] no território dos distritos é um dos nossos desafios até 2016, o que compreende também municípios e Estados. Precisamos envolvê-los e sensibilizá-los porque a atenção aos povos indígenas é do SUS como um todo”, finalizou.
PROGRAMAÇÃO
A reunião continuou à tarde com discussões sobre o programa Mais Médicos, as ações do Grupo de Trabalho para Discussão e Revisão da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas e a 15ª Conferência Nacional de Saúde Indígena. Na quarta-feira (2), último dia do encontro, serão temas do encontro o acompanhamento do relatório de gestão quadrimestral 2015 da Sesai e a avaliação e monitoramento da implementação das propostas aprovadas na 5ª Conferência Nacional de Saúde Indígena, realizada em dezembro de 2013.
Por Graziela Oliveira
Fotos: Alejandro Zambrana / Sesai-MS