Notícias
Saúde Indígena
Servidora da Sesai recebe prêmio por trabalho de imunização desenvolvido com indígenas
A dedicação de uma servidora da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) para ampliar a cobertura vacinal e garantir o direito à imunização dos mais de 305 povos indígenas, minimizando fatores como diversidade cultural, dispersão geográfica, dificuldade de acesso e rotatividade de profissionais, dentre outros, tornou-a uma das vencedoras do Prêmio OPAS de Imunização, estabelecido a cada dois anos pela Organização Pan-Americana da Saúde. O objetivo da premiação é reconhecer o trabalho de pessoas, instituições ou organizações que atuam na área de vacinas na Região das Américas. O outro país vencedor foi Barbados, no Caribe.
“Quando recebi o e-mail de que eu tinha sido escolhida fique muito feliz, não esperava. Eram tantos outros trabalhos bons, de toda a América, que eu não podia acreditar que era uma das vencedoras”, conta a técnica da Coordenação-geral de Atenção Primária à Saúde Indígena, Bárbara Cristina Marinho Souza.
Bárbara graduou-se em enfermagem em 1986, com habilitação em Saúde Pública pela Universidade Católica de Salvador, e é servidora pública federal desde 1989. “Comecei a trabalhar com saúde pública em 1992, quando integrei a equipe técnica de Controle das Meningites, do antigo Centro Nacional de Epidemiologia, da Funasa [Fundação Nacional de Saúde]. Em 1996, conclui a especialização em Saúde Coletiva, na UnB [Universidade de Brasília] e, no ano seguinte, entrei para a área de epidemiologia do Ministério da Saúde. Durante todo esse período, desenvolvi atividades na área técnica de imunização e vigilância em populações indígenas”.
Entre algumas dessas atividades, destaque para a colaboração na gestão dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), definindo estratégias que garantissem a vacinação de forma oportuna e adequada; realização de capacitações em todas as áreas indígenas do país, atualizando os profissionais em imunização; e elaboração de métodos de avaliação que facilitaram a análise dos resultados obtidos por aldeia, vacina e faixa etária.
“Bárbara desenvolveu grandes esforços para organizar e mobilizar os profissionais das equipes multidisciplinares quanto à importância da imunização. Mesmo com as dificuldades enfrentadas, ela executou suas atividades de maneira eficiente e passou por diversos períodos de transição de gestões institucionais da Saúde Indígena, fazendo com que a imunização fosse uma das poucas ações a se manter constante ao longo do tempo”, disse a diretora do Departamento de Atenção à Saúde Indígena (Dasi), Danielle Soares Cavalcante.
HISTÓRICO
Bárbara conta que as ações de vacinação nas populações indígenas do Brasil começaram na década de 50 e, desde então, passaram por várias mudanças. “Inicialmente, as atividades eram realizadas de forma esporádica por equipes volantes de saúde. Em 1991, a Funasa ficou responsável pela vacinação em áreas indígenas também com ações esporádicas ou através de campanhas, até julho de 1999, quando foram criados os DSEI. As ações de imunização passaram então a ser desenvolvidas de forma sistemática pelas equipes multidisciplinares que prestam serviços de atenção rotineira nas aldeias indígenas, ampliando a cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Em 2010, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) assumiu a gestão da saúde indígena com um modelo de atenção estabelecido pela Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI), que prioriza a atenção básica e tem a vacinação como uma das ações mais importantes na prevenção e controle de doenças”, explica a técnica.
Nos últimos 15 anos, houve uma qualificação e ampliação do calendário de imunização indígena contemplando 20 vacinas específicas para esta população e expandindo, não apenas a disponibilidade, mas também a especificidade de faixas etárias que permitem aumentar a proteção em relação à maioria das doenças. O último calendário de vacinação foi instituído por meio da publicação da Portaria nº 1.498, de julho de 2013, resultado do trabalho coordenado por Bárbara, integrado entre a área técnica da Saúde Indígena e a Coordenação-geral do Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde.
“A luta durante todos esses anos foi grande. Como resultado, conseguiu-se a acessibilidade à vacina, hoje disponível em todos os Distritos Sanitários, com positivo impacto na saúde coletiva. Estas iniciativas têm contribuído de maneira significativa para o incremento das coberturas vacinais de todos os povos indígenas”, conclui a técnica.
Bárbara receberá um certificado e também um valor em dinheiro para continuar investindo no trabalho desenvolvido na área de imunização. A data para entrega dos prêmios ainda não foi definida.
Por Graziela Oliveira
Foto: Alejandro Zambrana / Sesai-MS