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Saúde Indígena
Outubro Rosa mobiliza Distritos Sanitários Especiais Indígenas em todas as regiões do país
O movimento de apoio ao combate e controle do câncer de mama, mais conhecido como ‘Outubro Rosa’, mobilizou dezenas de profissionais de saúde e a população indígena nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) Alagoas e Sergipe, Kaiapó do Pará e Rio Tapajós, no Pará, e Alto Rio Solimões, no Amazonas.
No município de Pariconha, em Alagoas, cerca de 60 indígenas da etnia Jeripankó – aldeias Ouricuri, Figueiredo, Tabuleiro, Araticum, Caraibeiras, Moxotó e Serra do Engenho – participaram de palestras educativas sobre prevenção do câncer e autoexame. Além disso, a equipe concentrou suas atividades em realizar coletas de citologia, solicitações de mamografia, exames clínicos das mamas e testes rápidos de HIV, sífilis e hepatite B.
“Queremos manter esse evento em nosso calendário anual. As mulheres foram atendidas e puderam tirar todas as dúvidas sobre câncer de mama e de colo uterino. Nossa intenção é transformar em rotina das equipes essas ações de prevenção que promovemos nesse mês de outubro, para que reduzamos, ao máximo, a incidência do câncer de mama nas mulheres Jeripankó”, afirma Genilda Leão, coordenadora do DSEI Alagoas e Sergipe.
Ela afirma que o Distrito aderiu ao movimento e todas as equipes multidisciplinares de saúde indígena que atuam nas áreas indígenas de abrangência do DSEI intensificaram as ações de prevenção e promoção da saúde.
DIA ROSA
No DSEI Rio Tapajós, o evento foi denominado ‘Dia Rosa’. Durante quatro dias consecutivos, a aldeia Kubenkokre, no Polo Base Novo Progresso, protagonizou ações de prevenção, com a sensibilização da população indígena feminina para o autocuidado, assim como sua participação nos atendimentos ofertados nas aldeias.
Com população média de 670 indígenas, conforme dados do Sistema de Informações da Atenção à Saúde Indígena (SIASI), a aldeia Kubenkokre, de etnia kayapó, tem 315 mulheres indígenas, sendo 105 delas com faixa etária entre 25 e 64 anos.
“Reconhecemos que a detecção precoce por meio de ações de rastreamento é a principal medida para a redução da mortalidade. Por ser o mês em que todos se unem para conscientização sobre a doença, tivemos o maior número de coletas de preventivo realizadas no Distrito”, ressalta a enfermeira Patrícia Sousa, referência técnica do Programa de Saúde da Mulher do DSEI Rio Tapajós.
Com participação maciça das mulheres da aldeia, o evento proporcionou, também, consultas domiciliares conforme necessidade e exames de ultrassom mamária e obstétrica aliados à consulta médica. “Os exames de imagem foram um grande diferencial para nosso Distrito, e a população feminina atendida reconhece isso. Tanto que participou ativamente de todo o evento”, afirma a coordenadora distrital do DSEI Rio Tapajós, Cleidiane Carvalho.
INEDITISMO
No Estado do Amazonas, dois eventos oficiais do Outubro Rosa foram realizados – um na capital e outro no interior. Pela primeira vez, a abertura no interior do estado foi realizada em uma aldeia, a Umariaçu II, no município de Tabatinga, área de abrangência do DSEI Alto Rio Solimões.
Isto, pois, em setembro, a coordenação do DSEI participou de uma reunião com a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCECON), em Manaus, em que foram apresentados os avanços e indicadores de saúde do trabalho desenvolvido pelas equipes multidisciplinares de saúde indígena do Distrito.
“Esses indicadores correspondem ao percentual de exames preventivos realizados em mulheres de 25 a 64 anos. Apenas no primeiro semestre deste ano, tivemos um aumento de quase 10% em comparação com 2012 [de 12,74% para 21,8%]”, explica a enfermeira Isabela Pereira. Ela salienta que foi criado um censo dessas mulheres que, por conseguinte, permitiu um acompanhamento mais preciso da situação de saúde de todas elas.
O Outubro Rosa deste ano contou com uma importante parceria entre o DSEI Alto Rio Solimões e Maternidade Celina Villacrez, em Tabatinga, que apoiou a campanha e disponibilizou exames para todas as mulheres indígenas dentro da faixa etária de rastreamento - 40 a 69 anos. Os exames serão organizados pelo Sistema Nacional de Regulação do SUS.
Para a responsável técnica do programa de Saúde da Mulher, Cristiane Ferreira da Silva, o apoio da FCECON é um incentivo para todas as equipes; um reconhecimento pelo trabalho, que abre portas para novas ações e parcerias. “Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas nos Polos Base, as equipes têm se esforçado para garantir um trabalho qualificado superando as metas e proporcionado uma saúde de mais qualidade para as mulheres indígenas”.
INTERAÇÃO
Para entrar no clima e envolver as indígenas com o mês dedicado às mulheres, o DSEI Kaiapó do Pará transformou sua sede em um ambiente mais feminino, decorando-a com fitas, balões, laços e faixas brancas e rosas. A intenção era transmitir a importância e a necessidade do autocuidado.
“Confeccionamos um panfleto informativo e o traduzimos para a língua kayapó, de forma a melhorar a compreensão e a interação entre os profissionais e as indígenas”, conta a enfermeira da Casa de Saúde Indígena (Casai) de Redenção, Hagreanny de Morais, lembrando que o tema foi objeto de palestras sobre a prevenção da doença. “Abordamos o assunto de forma lúdica, estimulando as indígenas a realizarem o autoexame das mamas”.
Além disso, um kit ‘Saúde da Mulher’, com panfleto, prescrição médica e medicações foi entregue como estímulo às indígenas para que realizem periodicamente o exame citológico – o Papanicolau.
MOVIMENTO MUNDIAL
Criado nos Estados Unidos na década de 90 e celebrado anualmente em todo o mundo, o movimento Outubro Rosa visa estimular a participação da população no controle do câncer de mama, compartilhando informações sobre a doença e promovendo a conscientização sobre a importância da sua detecção precoce.
O nome da campanha remete à cor do laço que, mundialmente, simboliza a luta contra o câncer de mama: o rosa. Durante o período, monumentos urbanos são iluminados com a cor, indicando a adesão ao movimento.
No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) promove espaços de discussão do Outubro Rosa desde 2010, divulgando e disponibilizando materiais informativos, tanto para profissionais de saúde quanto para cidadãos.
Em 2015, a campanha do Inca fortalece as recomendações do Ministério da Saúde para o diagnóstico precoce e rastreamento de câncer de mama no intuito de ampliar a compreensão sobre os desafios no controle à doença – que não depende apenas da realização de exames, mas do acesso ao diagnóstico e ao tratamento com qualidade e no tempo oportuno.
Por Graziela Oliveira e Déborah Proença
Fotos: Acervo / DSEI Alagoas e Sergipe; DSEI Rio Tapajós; DSEI Alto Rio Solimões; DSEI Kaiapó do Pará.