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Saúde Indígena
Secretário discute com lideranças indígenas melhorias para o DSEI Bahia
Cerca de 70 caciques e lideranças das etnias Pataxó, Tupinambá, Quiriri e Caimbé, do estado da Bahia (BA), estiveram em Brasília (DF), na última semana, para reivindicar a não aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 215, no Congresso Nacional, que trata da demarcação de Terras Indígenas no país. A comitiva aproveitou a passagem pela capital Federal e solicitou uma audiência com o secretário Especial de Saúde Indígena, Antônio Alves, para discutir melhorias para o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Bahia. O encontro aconteceu na última sexta-feira (20), na Unidade II do Ministério da Saúde.
Foram escolhidos quatro caciques para representarem o grupo e manifestarem suas insatisfações. Após as falas dos indígenas, o coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Bahia, Jerry Adriane Santos de Jesus, respondeu e explicou alguns questionamentos acerca de obras e infraestrutura e ressaltou os avanços no DSEI durante sua gestão. “Do ponto de vista dos contratos, nós avançamos muito. Em 2010, na época da criação da Sesai, recebemos cinco contratos da Funasa. Hoje temos mais de 70. A demanda é muito grande, mas devemos admitir que este é um avanço considerável. Precisamos, agora, é qualificar o serviço”, destacou o coordenador.
Jerry salientou às lideranças que a Sesai é uma instituição que se preocupa em ouvir as demandas indígenas. “Aqui, o Controle Social é levado a sério. Das 17 reuniões do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), quatro foram comandadas por mim. Isso demonstra um compromisso do Ministério com o Controle Social”, reforçou.
Participação
Os diretores dos departamentos de Gestão da Saúde Indígena, de Atenção à Saúde Indígena e de Saneamento e Edificações de Saúde Indígena da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), nível central, também responderam a questionamentos sobre obras, medicamentos e saneamento básico na Bahia.
“Neste momento, há obras de reforma em 23 estabelecimentos de saúde: 21 unidades básicas de saúde e dois polos administrativos. Não há dificuldade de atendimento ou carência de profissionais nas aldeias; com o apoio da comunidade, todos têm cumprido seus horários de trabalho. Isso é resultado de um amadurecimento institucional”, salientou o secretário Antônio Alves.
O secretário também ressaltou a importância da coordenação do DSEI Bahia estar sob a responsabilidade de um indígena. “Vocês têm um coordenador indígena, que conhece os meandros e necessidades das aldeias. Isso é importante para nós”.
Encaminhamentos
Ao final da reunião, todos os oito pontos da pauta levada pelos indígenas foram debatidos e tiveram encaminhamentos positivos. Além disso, Alves tomou a liberdade de acrescentar algumas observações que ele próprio constatou na gestão do DSEI, como a implantação do Complexo Oca da Saúde de Terapia Comunitária.
“A reunião foi proveitosa. A gente espera que tudo que foi debatido na reunião saia do papel para a prática porque a nossa tendência é vir aqui para debater os nossos problemas. A gente quer ação, quer levar as melhorias para a nossa comunidade. Esse é o nosso objetivo de hoje”, disse o cacique Geová, da etnia Pataxó.
O cacique Ailton, da aldeia Araticum, está na expectativa que o governo cumpra os encaminhamentos. “Pelo momento estou satisfeito porque foi uma reunião produtiva para os dois lados. Eles ouviram bastante a demanda, com críticas construtivas e também críticas que precisavam ser ditas, pois muitas vezes quem está no governo não sabe o que passamos. Mas é assim que a gente tem que trabalhar, a base vem com a demanda, o governo tem a obrigação de acolher e executar. E a Secretaria Especial de Saúde Indígena em Brasília acolheu a nossa demanda, esperamos agora que cumpram”.
Representante de 270 famílias, o cacique Uruguaiana, da aldeia Velha, gostou muito do encontro. “Toda a reivindicação que nós viemos falar, graças a Deus, deu certo. O secretário Antônio Alves explicou a situação e o que pode estar ajudando a nossa comunidade. Nosso ponto mais forte era sobre os transportes, que será resolvido na próxima semana, e as contratações, com o pregão que vem aí. Foi muito boa a reunião”.
Por Déborah Proença