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Saúde Indígena
Encontro promove valorização e fortalecimento do trabalho de parteiras tradicionais
Entre os dias 23 e 26, o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Rio Tapajós promoveu, no Polo Base Waro Apompo Munduruku, em Jacareacanga (Pará), o "I Encontro de Fortalecimento e Valorização das Práticas Tradicionais das Parteiras do DSEI Rio Tapajós: Relatos de Experiências e Troca de Saberes". O evento foi destinado às parteiras tradicionais mais experientes dos Polos Base Restinga e Waro Apompo Munduruku, que relataram suas experiências profissionais.
“Este Projeto é inovador. Queríamos trazer à luz as experiências vivenciadas por essas mulheres, que trazem consigo saberes inestimáveis, fortalecendo sua cultura”, afirmou a coordenadora do DSEI, Cleidiane Carvalho Ribeiro.
Intimamente ligada à cultura indígena e passada de geração em geração, a arte de partejar é uma tradição milenar que possibilita a perpetuação da cultura dos povos indígenas, em especial, do povo Munduruku.
O encontro
Por meio do Programa de Atenção à Saúde da Mulher, da Divisão de Atenção à Saúde Indígena, do DSEI Rio Tapajós, o encontro reuniu 15 parteiras tradicionais e outros 10 participantes, dentre membros das Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI), referências técnicas e outros membros da coordenação do DSEI e da Secretaria Estadual de Saúde do Pará – parceira do distrito ao ceder os materiais didáticos utilizados no evento.
Aos 73 anos, Inês Dace, uma das mais antigas parteiras do Polo Base Waro Apompo Munduruku, se sentiu valorizada com o evento. “Estou velha e cansada. Preciso passar meus conhecimentos para as novas mulheres porque a cultura do partejar está se perdendo. Com esse projeto seremos vistas e valorizadas. Nossa cultura será fortalecida”.
Aprendendo com a experiência
Além de incentivar o partejar, o projeto pretende integrar o trabalho entre as parteiras e as Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena, promovendo um acompanhamento de pré-natal combinado, com ambas as ações.
Segundo Patrícia Sousa, referência técnica do Programa de Saúde da Mulher do DSEI Rio Tapajós, o projeto apenas formaliza um trabalho conjunto que já ocorre entre as gestantes e parturientes indígenas. “Trazer as parteiras para caminhar com as equipes multidisciplinares é um trunfo da saúde indígena, pois elas, indiretamente, já compõem essas equipes quando são as primeiras cuidadoras das gestantes, alimentando essa relação de confiança e respeito tão enraizados na cultura indígena”.
A expectativa é de que este seja o primeiro de três encontros e que todas as parteiras, de todos os Polos Bases do distrito, sejam contempladas.
Por: Déborah Proença