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Saúde Indígena
Geólogos discutem gestão de recursos hídricos em terras indígenas
Vinte e sete geólogos que atuam em Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) de todas as regiões do país estão reunidos em Brasília, até a próxima quinta-feira (28), para elaborar diretrizes e procedimentos para a gestão de recursos hídricos em terras indígenas. O papel destes profissionais no esforço de assegurar mais saúde e qualidade de vida às 305 etnias que vivem no Brasil foi destacado pelo secretário Especial de Saúde Indígena, Antônio Alves de Souza, que participou da abertura do encontro, na manhã desta terça-feira (25).
“A atuação das equipes de saneamento ambiental é estratégica para o trabalho nas aldeias, sobretudo no sentido de garantir o acesso a um bem que é condição para a vida: a água. A Sesai [Secretaria de Saúde Indígena] tem se empenhado para ampliar e qualificar a estrutura dos sistemas de saneamento e captação de água em áreas indígenas no Brasil. Boa parte desse esforço decorre justamente da complexidade do trabalho, muitas vezes executado em áreas remotas”, afirmou o secretário ao dar boas vindas ao grupo.
A oportunidade de compartilhar experiências de cada região foi apontada pela maioria dos participantes como uma das principais vantagens da oficina. “Apesar do propósito comum de todos os DSEIs, temos características muito particulares em cada um deles. Na região onde atuo, por exemplo, temos aldeias aonde só se chega de barco, numa viagem que pode durar até sete dias”, comentou Marcelo Henrique Ribeiro, do DSEI Porto Velho, cuja região abrange três estados brasileiros – Mato Grosso, Rondônia e Amazonas.
Pedro Hahn, do DSEI Yanomami, também destaca o aspecto logístico para a execução do trabalho. “Em nossa área de atuação no território Yanomami, o acesso a mais de 90% das aldeias só é possível por via aérea, pois o transporte fluvial fica comprometido por conta de cachoeiras e corredeiras. Como garantir que equipamentos pesados como compressores e sondas rotativas, por exemplo, cheguem a essas comunidades? Por isso, também, a necessidade de buscar métodos alternativos de garantir o abastecimento de água”, pontuou Pedro.
Para o geólogo Carlos Alberto Albuquerque, do DSEI Ceará, as expectativas em relação à oficina já foram supridas desde o primeiro momento, justamente pela chance de ouvir tantos relatos e de aprender cada vez mais. “Não temos no Ceará dificuldades logísticas como enfrentam as equipes da região Norte. Entretanto, é fundamental que todo esse coletivo entenda as demandas de cada DSEI e possa ajudar um ao outro, identificando entraves e buscando possibilidades de solução”, afirmou.
Definição de estratégias
A coordenadora de Edificações e Saneamento da Sesai, Lucimar Alves, destaca que este é a primeira capacitação realizada pela Pasta para os profissionais de geologia que atuam nos DSEIs. “Vamos discutir o papel deles na saúde ambiental e a inserção nas equipes multidisciplinares de cada distrito, além de definir as estratégias para o gerenciamento de recursos hídricos dentro das aldeias. Queremos que cada um pense sua atuação nos DSEIs, considerando as especificidades de cada lugar”, comentou. Ela acrescenta que a captação de água subterrânea e superficial será outro importante tema durante os trabalhos.
Até o fim da oficina, na quinta-feira (28), os geólogos ainda participarão da organização de uma cartilha orientativa sobre construção e manutenção de poços tubulares, com publicação prevista para dezembro deste ano. “A oficina possibilitará ferramentas que vão auxiliá-los no desempenho de suas atividades em campo”, concluiu Lucimar.
Por Bruno Monteiro
Fotos: Acervo / Sesai-MS