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Saúde Indígena
Apoiadores e chefes de Diasi debatem reorganização da Atenção Básica
Métodos diferenciados de organização do trabalho das equipes multidisciplinares de saúde indígena. Este é um desafio diário que todos os 34 Distritos Sanitários Especiais de Saúde Indígena (DSEI) enfrentam devido à multiplicidade de cenários e povos que assistem. Diante da problemática, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) trouxe para Brasília os apoiadores e chefes da Divisão de Atenção à Saúde Indígena (Diasi) de todos os DSEIs. Por quatro dias o grupo debateu as possibilidades de uma nova proposta de gestão da Atenção Básica nas aldeias.
“A Sesai já vinha trabalhando em uma proposta de reorganização do trabalho, mas precisávamos de legitimidade. E não há legitimidade sem a participação efetiva desses profissionais”, ressalta Danielle Cavalcante, diretora do Departamento de Atenção à Saúde Indígena (Dasi).
O arranjo Apoiador-Chefe de Diasi foi identificado como a maneira mais produtiva de trazer o conhecimento sobre o território e fundamentar o planejamento das ações pautado nas informações de saúde, na dinâmica social do território e nas relações entre indígenas e equipe, bem como entre a equipe e o Diasi, sempre considerando a perspectiva indígena sobre o processo saúde e doença e as formas de cura locais.
“Não queremos mais investir apenas na qualificação dos programas de saúde e, sim, ampliar a perspectiva para um cuidado integral, passando a organizar as ações a partir das necessidades identificadas no território”, afirma Fernando Pessoa de Albuquerque, trabalhador da Coordenação Geral de Atenção Primária à Saúde Indígena (CGAPSI).
‘Paredes de situação’
Os mapas dos DSEIs divididos por Polos Base e suas ações de saúde – denominados de ‘paredes de situação’ – deverão ser qualificados e aprimorados, estruturando as equipes de acordo com as áreas prioritárias e os problemas de saúde. “Precisamos identificar as áreas mais vulneráveis para produzir ações de cuidado mais adequadas e condizentes com as necessidades de saúde daquelas localidades”, explica Fernando.
Um dos chefes de Diasi presentes à oficina, André Luiz Martins (DSEI Litoral Sul) assegura que os mapas são instrumentos pedagógicos fundamentais ao trabalho e serão utilizados e replicados durante os planejamentos junto às equipes dos distritos.
“Foi muito importante o trabalho com os mapas. As ‘paredes de situação’ propiciam um olhar qualificado dos indicadores e equipamentos de saúde distribuídos em todo o território do DSEI. O instrumento possibilita uma visão mais estratégica ao gestor; onde ele precisa intervir para garantir melhores condições de trabalho, garantir que os serviços sejam mais qualificados e estruturados”, garante André.
Trabalho integrado
Durante o encontro, o que mais se ouviu foi a palavra ‘integração’. Não à toa. A intenção dos organizadores foi incentivar os participantes a aliar seus conhecimentos e unir esforços em prol de ações mais qualificadas. Como bem definiu Edmilson Terena, apoiador do DSEI Mato Grosso do Sul, “o apoiador facilita o trabalho; não faz ‘por’, faz ‘com’”, frisa Terena, ao garantir que o objetivo maior de todos, gestores e apoiadores, é assegurar atenção de qualidade à saúde indígena.
Alexandra Galvão, assistente social e apoiadora do DSEI Pernambuco desde 2013, acredita que o projeto de apoio amadureceu bastante. “Esse foi um período de amadurecimento e qualificação do processo de trabalho do apoiador. É um aprendizado sem fim, um desafio diário, pois temos sempre que estar em busca de novos conhecimentos. Precisamos estar sempre munidos de informações e por dentro do que acontece em várias políticas, não apenas a indígena”, afirma a apoiadora.
Por Déborah Proença