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Saúde Indígena
Teste rápido é tema de capacitação profissional no Distrito Alagoas e Sergipe
Sessenta e seis profissionais de saúde do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Alagoas e Sergipe foram capacitados para melhor aplicar os testes rápidos de diagnóstico dos vírus da Aids (HIV 1 e 2), Sífilis, Hepatite B (HbsAg) e Hepatite C (HCV). O intuito foi sensibilizar os trabalhadores do DSEI sobre a importância da testagem rápida e do diagnóstico precoce.
“Desta forma, podemos garantir o encaminhamento imediato dos usuários às Redes de Referência. Isso proporciona melhora na qualidade de vida dessas pessoas”, garante Genilda Leão, coordenadora do DSEI Alagoas e Sergipe.
Com duas turmas, o curso teve carga horária de oito horas e contemplou informações sobre aplicação prática dos testes e abordagem aos usuários – um conteúdo inovador de acompanhamento psicossocial durante as ações de pré e pós-teste, proposto pelas responsáveis pelo evento: Dandara Maria Dantas, Cláudia Gama e Nadjane Moura.
A necessidade de capacitação surgiu pela mudança no fornecimento dos testes rápidos de HIV 1 e 2, além da inclusão dos testes para hepatites virais e sífilis. “A Dandara [Dantas] e a Cláudia [Gama] participaram da capacitação promovida pelo Departamento de DST/Aids, do Ministério da Saúde, e foram as instrutoras do curso”, explica Nadjane.
DIFERENCIAL
Ana Luiza Cataldo, psicóloga da aldeia Xucuru Kariri, avalia como positiva a inclusão do conteúdo vinculado à abordagem psicossocial. “Isso amplia o escopo da capacitação e o conhecimento dos profissionais; não restringe à visão estritamente biológica”.
Para a enfermeira da aldeia Wassu Cocal, Fernanda Feitosa, associar teoria e prática como metodologia de ensino foi o grande diferencial da capacitação oferecida pelo Distrito. “A utilização de vídeos reais com experiências práticas de saúde indígena foi muito enriquecedora”.
Além dos vídeos, a capacitação contou com aulas teóricas e exposições dialogadas, vivências, exercícios práticos com os formulários e requerimentos do Distrito e aplicação de testes rápidos.
Enfermeiros, assistentes sociais, médicos, odontólogos, psicólogos e farmacêuticos que atuam em todas as aldeias e atendem a todas as etnias da abrangência do DSEI foram contemplados nesta capacitação.
Nadjane diz que a inserção de diferentes categorias profissionais para aplicação dos testes se deve à delicadeza do tema nas aldeias. “Percebendo como os indígenas lidam com a questão, sentimos necessidade de lhes proporcionar mais conforto e segurança. Assim, eles terão a oportunidade de escolher o profissional com o qual mais se afina e confia para realizar o seu teste”, pontua.
TESTE RÁPIDO
Desde março de 2006, o teste rápido vem sendo implantado no Brasil pelo Ministério da Saúde, por meio do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, para diagnosticar a infecção pelo vírus HIV e outras patologias.
Esta metodologia, utilizada em diversos países, pretende ampliar o diagnóstico precoce, principalmente em grupos populacionais prioritários, como gestantes, populações vulneráveis e/ou em situação de rua, populações nômades, povos indígenas, entre outros.
Diferentemente do teste laboratorial, realizado exclusivamente por meio de amostra sanguínea e cujo resultado demora em torno de 10 dias para ser liberado, o teste rápido pode ser feito por meio de amostra de sangue (punção venosa ou da polpa digital) ou de fluido oral. Seu resultado é liberado em até 30 minutos após coleta da amostra.
Segundo o Ministério da Saúde, qualquer profissional está apto a realizar um teste rápido, permitindo assistência imediata aos usuários, contanto que tenha recebido capacitação adequada. Sua aplicação pode ser executada e interpretada em qualquer local, sem necessidade de estrutura laboratorial, pois a análise é fácil e pode ser feita a olho nu.
Por Déborah Proença
Fotos: Acervo / DSEI AL e SE