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Saúde Indígena
Sesai terá reforço de mais médicos para assistência em aldeias
Mais 35 médicos foram designados para reforçar a assistência à saúde a populações indígenas nas cinco regiões do país. Os profissionais vão se somar ao efetivo de 305 médicos que já atuam hoje em aldeias, muitas vezes em regiões remotas. Uma das etapas de acolhimento aos novos trabalhadores aconteceu nesta sexta-feira (26), em Brasília, numa capacitação promovida pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). O secretário Antônio Alves de Souza participou da atividade e destacou que a presença de médicos em territórios indígenas é uma das grandes conquistas da gestão nos últimos anos.
“O programa Mais Médicos e o Provab [Programa de Valorização da Atenção Básica] estão assegurando a centenas de comunidades que vivem em áreas longínquas a segurança de um profissional médico à disposição”, afirmou o secretário, apontando como exemplo uma pequena aldeia na região do Vale do Javari, no Amazonas, onde vivem cerca de 40 indígenas que passaram mais de dez anos sem os cuidados de um médico.
Aos saudar e dar boas vindas aos novos trabalhadores da Saúde Indígena, Antônio Alves também destacou as especificidades desta área, classificando como missionário o trabalho em campo das equipes de saúde. “A atividade é muito particular, justamente por lidar com realidades tão distintas da nossa. São mais de 300 etnias e cada uma delas é única. São culturas diversas e que precisam ser respeitadas”, pontuou.
A observação feita pelo secretário vai de encontro ao que motivou Marcos Geovani Garcia, de 29 anos, a escolher a Saúde Indígena como primeira alternativa para sua lotação. Natural de Rondônia e com formação na Bolívia, o jovem médico está ansioso para iniciar seus trabalhos na região do Alto Rio Solimões, no Amazonas. “Mesmo sendo do Norte e conhecendo bem algumas particularidades da região, este será o meu primeiro contato com povos indígenas. Quero dar minha contribuição à saúde dessas pessoas e sei que também vou aprender muito com a experiência”, disse.
DIFERENCIAL
Todos os novos profissionais são brasileiros formados em outros países – a grande maioria em Cuba. Um diferencial importante é a presença de seis indígenas no grupo. Maria Assunção, da etnia Tucana, voltará como médica à aldeia São Domingos, onde nasceu, na região de São Gabriel da Cachoeira. “Foram sete anos de estudos alimentando o sonho de retornar ao convívio do meu povo. Agora, quero pôr em prática a favor dos parentes todo o conhecimento que adquiri”, comenta Assunção.
“Para nós, que fazemos a gestão da Saúde Indígena, é motivo de bastante orgulho poder contar esses profissionais. São pessoas que conhecem bem a realidade de seus territórios, dominam o idioma e certamente contribuirão bastante para o trabalho”, ressalta Danielle Cavalcante, diretora de Atenção à Saúde Indígena, do Ministério da Saúde. Ela explica que os novos médicos ainda passarão por outras etapas de acolhimento, no âmbito do Estado, do município e dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIS) aos quais estarão vinculados.
O objetivo das capacitações é contextualizar os profissionais a cerca da realidade que encontrarão em áreas indígenas. “Assim, antes mesmo de entrarem em campo, eles conhecerão melhor a estrutura da atenção básica e as características epidemiológicas das regiões aonde vão atuar”, acrescenta Danielle Cavalcante. Durante o encontro, equipes da Sesai também apresentaram o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS) e debateram questões sobre Articulação Interfederativa, dentre outros temas.
Por Bruno Monteiro
Fotos: Alejandro Zambrana / Sesai-MS