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Saúde Indígena
Secretário fala às famílias das vítimas de acidente aéreo no Amazonas
Comoção e dor por perdas irreparáveis marcaram o encontro de equipes do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Vale do Javari e de famílias das vítimas do acidente com um helicóptero que, na última semana, transportava para o município de Atalaia do Norte pacientes em remoção e uma enfermeira da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Na terça-feira (2), grupos de resgate da Aeronáutica localizaram os destroços da aeronave e descartaram a possibilidade de haver sobreviventes.
"Estávamos acompanhando com muita expectativa todas as informações sobre as buscas. Infelizmente, tivemos o desfecho que nenhum de nós gostaria", disse Antônio Alves, nesta quinta-feira (4), em ato na Câmara Municipal de Atalaia do Norte. Segundo ele, o Ministério da Saúde já solicitou à Aeronáutica a investigação do acidente. "Queremos que as causas sejam identificadas. Assim, poderemos evitar qualquer outra ocorrência semelhante", acrescentou.
O secretário falou também sobre o afinco das equipes em campo, sobretudo em regiões remotas, e destacou que o transporte aéreo de pacientes já permitiu salvar muitas vidas nos últimos anos. "Esta é uma das maiores demandas para o dia a dia da Sesai. Antes, em determinadas situações, levava-se até 14 dias para fazer remoções de urgência. Com os contratos de hora voo, mudamos totalmente a lógica da assistência às comunidades indígenas", frisou Alves.
Bastante emocionado, o jovem Yuri Fernandes, filho da enfermeira que estava a bordo do voo, fez questão de registrar o apoio que recebeu durante os dias de busca. "Falo por mim, mas sei que este é o sentimento de todos os familiares. Não nos faltou qualquer suporte nesse período, tanto das equipes da Sesai quanto dos profissionais do Exército, Força Aérea Brasileira e da própria comunidade", pontuou.
"A dor da perda é enorme, mas fico com a lembrança do quanto essa atividade fazia minha mãe feliz. Ela sempre voltava para casa muito empolgada, mostrando fotos e relatando situações que vivenciou. Com a profissão que escolheu, acreditava que poderia fazer a diferença na vida de comunidades que vivem longe dos centros urbanos e em condições desiguais. E não tenho dúvida de que fez", garantiu Yuri.
O coordenador do DSEI Vale do Javari, Heródoto de Sales, classificou como desafiadora a missão de garantir assistência à saúde para comunidades que vivem em áreas remotas. "São obstáculos e riscos a todo instante. Essa é a realidade da Saúde Indígena. Por isso, apesar de tanta dor pela perda de colegas e pacientes, seguiremos firmes em nosso propósito de salvar vidas e cuidar da saúde dessas populações", concluiu.
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Por Bruno Monteiro
Fotos: Alejandro Zambrana