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Saúde Indígena
No Amazonas, Conselho Distrital Alto Rio Solimões promove marcha contra a violência
Mobilização. Essa é a aposta do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) do Alto Rio Solimões, no Amazonas, para estimular o combate a casos de violência entre indígenas. Em parceria com o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) daquela região, e com o apoio de lideranças e de equipes do Polo Base de Belém de Solimões, o Conselho promoveu um ato que envolveu cerca de 400 pessoas da comunidade e representantes do Ministério Público Federal, das polícias Federal e Militar e da Fundação Nacional do Índio (Funai).
“A marcha contra a violência chama a atenção da comunidade para o tema e alerta para a necessidade do envolvimento de todos. Estamos preocupados com nossos filhos e demais parentes, pois já não vemos nas aldeias a tranquilidade que havia antes”, afirma o indígena Oscar Fidelis.
Indicadores da área de Saúde Mental do DSEI Alto Rio Solimões reforçam a declaração de Oscar. Desde o ano 2012 até o último mês de maio, 375 agressões e 13 homicídios foram registrados na área de abrangência do Distrito. Somente nas aldeias atendidas pelo polo base da comunidade Belém de Solimões, onde aconteceu a marcha, foram 144 agressões e três homicídios. O Polo é responsável pelo atendimento de uma população superior a 10 mil indígenas das etnias Ticuna e Kokama - é a região mais populosa coberta pelo DSEI.
Para enfrentar esses desafios, o Distrito Alto Rio Solimões conta com uma equipe completa que desenvolve trabalhos de educação em saúde, realiza atendimento psicológico e garante o acompanhamento da população. “Pacientes e famílias - vítimas ou envolvidos em casos de violência - são encaminhados para tratamento. A depender da situação, o indígena é acompanhado por um psicólogo durante um período de até seis meses. Nas situações de homicídio, ele e a família recebem, semanalmente, a visita da equipe”, comenta a psicóloga do DSEI, Maria Cristina Benício.
Até o final do ano, esta ação deverá ser levada às comunidades de outros 10 polos base da área de abrangência do DSEI Alto Rio Solimões. “Nosso objetivo é reunir os povos indígenas nesta luta e envolver todas as etnias. Não podemos apenas esperar que as autoridades façam alguma coisa. O trabalho deve começar por nós, que estamos no dia a dia das aldeias”, argumentou o presidente do Condisi, Elis Olisio.
Por Graziela Oliveira
Fotos: Acervo/DSEI Alto Rio Solimões