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Saúde Indígena
DSEI Porto Velho capacita 40 enfermeiros em abordagem sindrômica das IST
O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Porto Velho promoveu, no inicio do mês de julho, um curso de capacitação em Abordagem Sindrômica das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Durante três dias, 40 enfermeiros que atuam nas Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) do distrito discutiram sobre sexualidade e a realidade dos povos indígenas. Outros temas como assistência diferenciada e planejamento de abordagem também foram abordados.
A abordagem sindrômica visa facilitar a identificação de uma ou mais IST para, em seguida, tratar adequadamente. Com capacitação, o profissional de saúde poderá, por meio desta abordagem, assistir pacientes em qualquer serviço de saúde – orientando, educando, aconselhando e aplicando testes rápidos já na primeira consulta.
“Este é o primeiro curso sobre o tema que promovemos em nosso DSEI. Acreditamos que, após a capacitação, abordaremos de forma mais eficaz o assunto, trazendo melhores resultados às nossas ações de promoção à saúde”, afirma Raquel Gil Costa, referência técnica da Divisão de Atenção à Saúde Indígena (Diasi) do DSEI Porto Velho.
Para o coordenador interino do Distrito, Antonio José de Ribamar Monteiro, investir nos profissionais é uma prioridade do DSEI. “A educação permanente reflete direta e positivamente na assistência, proporcionando, em consequência, mais qualidade de vida”, pondera. IST nas aldeias Com carga horária total de 24 horas, o curso é uma parceria entre o DSEI e a Coordenação Estadual de DST/Aids/Hepatites Virais do Estado de Rondônia. Entre os temas abordados, o manejo das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) assintomáticas e sintomáticas, com e sem laboratório; a cadeia de transmissão e vigilância epidemiológica das IST; e a vulnerabilidade dos povos indígenas foram os grandes destaques.
Natanael Arruda, coordenador de DST/Aids/Hepatites Virais da Secretaria Estadual de Saúde de Rondônia, acredita que as parcerias em cursos de capacitação são fundamentais para qualificar o trabalho na ponta, identificando e controlando casos em área.
“Sem a devida instrumentalização, acreditamos que havia subnotificação dos casos. Agora, teremos mais condições de identificar e tratar adequadamente”, ressalta Raquel. A diretora de Atenção à Saúde Indígena (Dasi/SESAI), Danielle Cavalcante, lembra que, em virtude da proximidade com os grandes centros e os problemas que deles derivam, os povos indígenas estão cada vez mais suscetíveis às infecções sexualmente transmissíveis.
“No Rio Grande do Sul e no Mato Grosso do Sul já era esperado o aumento de casos pela proximidade com centros urbanos, mas tem havido um aumento considerado no Amazonas. Estamos surpresos e vigilantes. Por isso, nosso investimento, hoje, é na prevenção, promoção e educação em saúde. Uso de preservativos, formas de prevenção, entendimento sobre a doença, etc”, afirma.
Danielle ressalta que a grande dificuldade está na saída do paciente da aldeia para o tratamento no município, pois há exposição de sua doença para a comunidade, que vem sempre acompanhada de preconceito e não aceitação. “Com os testes rápidos avançando dentro das aldeias, temos mais chance de trazer esse medicamento para mais próximo deles e evitar a falta de adesão e o constrangimento”.
Por Déborah Proença
Fotos: Arquivo DSEI Porto Velho