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Saúde Indígena
DSEI Alto Rio Solimões ganha reforço de mais cinco médicos para assistência em aldeias
Mais cinco médicos vão reforçar a assistência à saúde dos povos indígenas que vivem no interior do Amazonas, na área de abrangência do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Alto Rio Solimões. Agora, o distrito que atende a uma população de mais de 55 mil habitantes passa a contar com um efetivo de 28 profissionais de medicina. A iniciativa faz parte do esforço do Ministério da Saúde, por meio dos programas de Valorização da Atenção Básica (Provab) e Mais Médicos, para fortalecer as ações de atenção à saúde em aldeias, sobretudo em áreas remotas.
“A garantia de um médico em área sempre foi dificuldade para nós. Quando não contávamos com esse profissional, era o enfermeiro quem atendia o paciente, prescrevia a medicação e encaminhava para tratamento. Ou seja, muitas vezes ele fazia o papel do médico. A chegada desses profissionais veio para complementar o trabalho das equipes multidisciplinares e qualificar o atendimento à população indígena. Com isso, esperamos melhorar nossos indicadores de saúde”, disse o enfermeiro do Distrito Alto Rio Solimões, Evandro Bispo.
Dos cinco novos médicos, três são indígenas. O grupo foi acolhido por equipes da Divisão de Atenção à Saúde Indígena (Diasi). Durante uma semana eles receberam informações sobre o funcionamento dos polos base e da Casa de Saúde Indígena (Casai), aprenderam mais sobre o Sistema de Regulação e o programa Telessaúde, dentre outros temas. “Apresentamos um pouco das especificidades de nossa região. A ideia é que eles possam ir se apropriando do trabalho antes de seguirem para os polos base”, explica Evandro.
EXPECTATIVAS
O médico indígena Sildo Tomaz, natural da aldeia Betânia, localizada no território coberto pelo DSEI Alto Solimões, acredita que o fato de falar a língua Ticuna facilitará o entendimento e a compreensão dos pacientes. “Conversando diretamente com meu povo, na língua dos meus parentes, vou contribuir e ajudar ainda mais. E quando for necessário prescrever algum medicamento, sempre que possível, optarei pela medicina tradicional”, pontua.
“Acho que o profissional indígena acaba passando mais confiança para a população. Além disso, quero sempre incentivar os jovens da minha comunidade a irem para as universidades em busca de melhorias. Porém, sem perder a cultura, a língua e seus costumes”, disse Cristiano Ferreira, médico da etnia Mundurucu.
Para a médica Maria de Fátima Ferreira, que não é indígena, o trabalho não seria diferente se fosse desenvolvido fora de aldeias. “Vou sempre trabalhar respeitando a cultura e os costumes deles. Eu fico um pouco apreensiva com relação à aceitação e à adesão ao tratamento, mas estou preparada para qualquer desafio em prol de garantir uma saúde melhor para essa população”, frisou a médica.
Por Graziela Oliveira
Fotos: Acervo / DSEI Alto Rio Solimões