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Saúde Indígena
Cuiabá sedia 5º encontro do Curso de Especialização em Saúde Indígena
A cidade de Cuiabá (MT) recebeu esta semana, entre os dias 24 e 26, 51 profissionais do programa Mais Médicos para o 5º Encontro Presencial do Curso de Especialização em Saúde Indígena, modalidade à distância. Promovido pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o primeiro dia do encontro aconteceu na sede estadual do Ministério da Saúde. Nos dois últimos dias, os alunos e tutores utilizaram as dependências da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) para concluir o treinamento. Em comemoração ao encontro, mulheres da etnia Bakairi apresentaram, durante a solenidade de abertura, a dança Sawa, que é típica da etnia e que durante o Festival do Milho pode ser realizada por mulheres e homens. A mesa de abertura da solenidade foi formada pelo secretário especial de saúde indígena, Antônio Alves de Souza; pelo representante da Organização Pan-Americana da Saúde, Jose Emilio Caballero Gonzalez; pela coordenadora adjunta do curso e representante da UNIFESP, Lavínia Oliveira; pela coordenadora da Comissão de Coordenação Estadual (CCE) do programa Mais Médicos e representante de todas as CCEs no Brasil, Gilce Gattas; e pela coordenadora do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Cuiabá, Núbia Derossi. Também para compor a mesa, o secretário Antônio Alves convidou um dos profissionais médicos cubanos presentes para representar os alunos do curso. Com mais de 18 anos de experiência e há pouco mais de um ano no Brasil, Nicolas Gomez Castellanos, formado em medicina geral e integral e mestre em emergência médica e cuidados intensivos com adultos, representou seus conterrâneos e falou sobre o curso. “Agora que estamos começando esse curso de saúde indígena, vamos adquirir um maior conhecimento da cultura, tradição e sobre todos os problemas históricos e demais eventualidades que aconteceram no passado com as etnias indígenas. Tudo isso vai nos garantir um maior conhecimento sobre todas as condições que vão, de alguma forma, interferir no processo, saúde e doença das aldeias, permitindo um melhor planejamento do nosso trabalho, com melhoras significativas nas condições de saúde dos povos indígenas do Brasil”, afirmou Nicolas. Antônio Alves, em discurso de boas vindas, agradeceu a todos os médicos cubanos e ao governo de Cuba e afirmou que, hoje, todos os profissionais que se dispuseram a ajudar o povo brasileiro a ter mais saúde imprimem sua própria digital na história do Sistema Único de Saúde (SUS). “Vocês que trazem esperança a lugares onde nem se imaginava que um dia chegaria um profissional médico estão ajudando a escrever um capítulo da nossa história da saúde pública brasileira. Ninguém faz SUS sozinho”. O secretário lembrou que, além de prover profissionais, o programa Mais Médicos está mudando o panorama e o perfil da formação profissional médica no Brasil. “Embora esteja escrito no artigo 200 da Constituição Federal de 88, que cabe ao SUS coordenar a formação de recursos humanos pra o SUS, somente agora, em 2013, o governo enfrenta essa realidade. O Programa Mais Médicos também vem com essa característica de interferir na formação e ampliar na especialidade em que o SUS precisa”. Para ele, o curso é fundamental na medida em que capacita o profissional para atuar em uma frente que historicamente carece de atenção, cuidado e entendimento. Relatos
“Era preciso esse curso”, afirmou Jorge Veranes Arnaud, médico nascido em Guantanamo, que atua no Dsei Xingu. Ele optou por trabalhar com a saúde indígena quando veio para o Brasil, há pouco mais de um ano. Vladimir Valdes Diaz, do Dsei Kayapó, ressaltou a flexibilidade do curso e a facilidade de acesso aos tutores. Yarabi Gomez Perez, da Ilha da Juventude e que trabalha no Dsei Cuiabá, acredita que participar da especialização em saúde indígena com experiência prática é o ideal. “Foi muito bom que aconteceu neste momento, porque se tivesse acontecido quando chegamos aqui, o curso seria apenas de vocês para nós. Agora está sendo um intercâmbio, pois temos uma experiência vivida, aprendemos no caminho e isso dá um livro. Mas há muitas coisas que sofremos lá e que não estamos acostumados. Aqui [o curso], oferecem um conhecimento antropológico, o que nos ajuda a tomar decisões no trabalho sem afetar a cultura deles”. O curso
Desde 2014, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde (SGETS) vêm trabalhando em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) no Curso de Especialização em Saúde Indígena para os profissionais médicos e servidores do Ministério da Saúde que atuam na saúde indígena e são vinculados ao programa Mais Médicos. A Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (UNA-SUS) também é parceira na ação. Visando a formação especializada para a temática indígena de profissionais médicos e supervisores, o curso é ministrado na modalidade à distância, na Plataforma Moodle, com dois encontros presenciais: no início do curso, para apresentação dos tutores, e ao final dos 12 meses de estudo online. Todos os 303 médicos do programa Mais Médicos lotados nos 34 Dseis devem realizar o curso e, até 2016, espera-se que todos tenham concluído a especialização. Em princípio, são 400 vagas destinadas a médicos, tutores, supervisores do programa. Por Déborah Proença