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Saúde Indígena
Nova unidade de saúde qualifica assistência ao povo yanomami em Maturacá
A população de quase dois mil indígenas que vive em Maturacá, no Amazonas, na região de fronteira entre o Brasil e a Venezuela, agora dispõe de uma nova e ampla Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) para as ações e serviços de assistência prestados em tempo integral. As equipes multidisciplinares responsáveis pelo atendimento ao povo yanomami daquela localidade também passaram a dispor de melhores condições de trabalho e mais conforto, com a construção de um alojamento para os profissionais. Os investimentos da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) nestas iniciativas são da ordem de R$ 1,8 milhão.
“São duas grandes aldeias – Ariabu e Maturacá – que abrigam cerca de duas mil pessoas. Agora, além de mais espaço e melhor estrutura, os pacientes em internação, por exemplo, já não precisam mais dividir o mesmo ambiente de repouso com as equipes. A nova unidade e o alojamento são conquistas do povo yanomami e atestam o compromisso da gestão da Saúde Indígena. Estamos muito felizes”, afirma Beto Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) da região.
O enfermeiro Geovanny Carvalho, que há mais de três anos atua em Maturacá, destaca a importância dos investimentos para a qualificar a assistência aos indígenas. “A nova UBSI nos dá condições ideais de trabalho e isso faz toda a diferença em áreas remotas. Nosso trabalho, no final das contas, acaba indo além dos serviços de atenção básica, justamente por conta da distância e do tempo para remoção de pacientes em situações mais graves. Já chegamos a realizar até parto pélvico”, comenta.
MUDANÇAS
A nova unidade dispõe de consultório médico e odontológico, salas de enfermagem e de procedimentos, farmácia, recepção, ala de internação para pacientes e um espaço destinado aos equipamentos de radiofonia - única forma de contato com o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami. “É uma estrutura muito diferente da anterior, que era toda em madeira, com espaços pequenos e pouco iluminados”, reforça Geovanny. O alojamento da equipe, construído ao lado, possui dois grandes cômodos com banheiros, sala, cozinha e varanda ao redor de toda a edificação.
Stephane Oliveira é técnica de enfermagem, trabalha naquela comunidade há apenas seis meses e fala com entusiasmo das mudanças. “Nossas atividades eram desenvolvidas no outro posto sem nenhum prejuízo, obviamente. No entanto, nada se compara às vantagens de atender numa estrutura que foi planejada para isso. Temos muito mais recursos e a equipe trabalha ainda mais motivada”, afirma Stephane.
Médicos, enfermeiros, odontólogos e técnicos de enfermagem integram as equipes de saúde que se alternam em escalas de até 30 dias em área, garantindo assistência básica às famílias yanomamis em Maturacá. Além destes profissionais, dez agentes indígenas de saúde - da própria comunidade - reforçam os trabalhos de acompanhamento dos pacientes e da rotina de visitas domiciliares.
MUTIRÃO
A assistência prestada aos indígenas daquela região ganhou um importante reforço, no início deste mês, com um mutirão para realização de cirurgias e de atendimento médico especializado. As aldeias Ariabu e Maturacá receberam 15 toneladas de equipamentos e cerca de 150 profissionais que transformaram espaços comuns da comunidade em consultórios e centros cirúrgicos. Foram aproximadamente 250 cirurgias e dois mil atendimentos realizados durante oito dias de atividades.
A iniciativa é resultado do esforço coletivo de governos, da organização sem fins lucrativos Expedicionários da Saúde (EDS), da própria comunidade indígena e de outros parceiros importantes. Só nesta edição do projeto o aporte de recursos feito pela Sesai, do Ministério da Saúde, foi superior a R$ 3 milhões.
Por Bruno Monteiro
Fotos: Alejandro Zambrana / Sesai-MS