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Saúde Indígena
Mutirão de cirurgias labioleporinas devolve o sorriso a crianças Mundurukus no PA
A Organização Não Governamental (ONG) Operação Sorriso, em parceria com o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Rio Tapajós, realizou um feito inédito no Brasil, ao operar cinco crianças indígenas, da etnia Munduruku, que sofriam com fissuras labiopalatais. A ação aconteceu entre os dias 10 e 19, durante o mutirão de cirurgias, realizado pelo programa humanitário da ONG, no município de Santarém (PA). Os procedimentos foram bem sucedidos e as crianças se recuperam bem das cirurgias na Casa de Saúde Indígena de Itaituba (Casai). Além do acompanhamento multiprofissional das equipes de saúde da Casai, as crianças também contam com a assistência de uma psicóloga e uma fonoaudióloga do DSEI Rio Tapajós. Para que a ação pudesse zerar o número de crianças indígenas com este tipo de problema na região do sudoeste do Pará (PA), um minucioso trabalho de busca ativa foi realizado nas 121 aldeias assistidas pelo DSEI. “Nossas equipes de Saúde Bucal iniciaram as buscas em área em fevereiro de 2013 e só conseguimos concluir esta triagem agora, graças aos investimentos logísticos em transporte que a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) tem feito nos últimos anos”, frisou a coordenadora do DSEI Rio Tapajós, Cleidiane Carvalho, ao enfatizar as dificuldades de acesso às aldeias da região do Tapajós. De acordo com ela, os benefícios da ação vão além da melhoria da saúde dos pacientes, passa também pelo processo sociabilização dessas crianças. “É gratificante ver a perspectiva de um sorriso no rosto dessas crianças. Saber que esses pacientes irão retornar às suas aldeias de origem e poderão de fato realizar sem nenhuma intimidação atos sociais, como se alimentar junto a todos e sorrir livremente”. OPERAÇÃO SORRISO A Operação Sorriso é a maior ONG internacional dedicada a reunir médicos voluntários para operar gratuitamente o sorriso de crianças portadoras de lábio leporino e fenda palatina. A instituição se encarrega por levar toda estrutura cirúrgica necessária a locais de difícil acesso ao tratamento e a pacientes de baixa renda. Mais de 200 mil pessoas já foram operadas pela ONG em todo mundo. A ação que aconteceu do dia 10 a 19 de agosto de 2015, em Santarém, incluiu crianças e adolescentes de dois a 17 anos de idade. LÁBIO FISSURADO O lábio fissurado e/ou a fenda palatina são aberturas no lábio e palato. Podem ser causadas por diversos fatores. É um defeito congênito por malformação na etapa inicial do desenvolvimento do embrião. Hoje, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta cerca de 300 mil casos de brasileiros portadores de fissuras labiopalatinas — uma a cada 650 crianças nascidas no Brasil. As consequências da fissura labiopalatal na vida de uma criança vão além da estética e podem causar problemas auditivos, infecções crônicas, má nutrição, má formação da dentição e dificuldades no desenvolvimento da fala. Frequentemente, observa-se o abandono escolar e a baixa da autoestima, ocasionando também problemas psicológicos.
Por Felipe Nabuco
Fotos: Arquivo DSEI Rio Tapajós