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Saúde Indígena
Distrito Sanitário Indígena aprimora trabalho das equipes de saúde bucal no Tocantins
O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Tocantins iniciou, esta semana, em Palmas (TO), o Curso de Capacitação na Prevenção e Tratamento de Cárie Dentária em Populações Indígenas. Esta é a segunda vez que o Distrito promove um curso sobre o tema e, até esta sexta-feira (28), pretende capacitar 14 trabalhadores – nove dentistas e cinco auxiliares de saúde bucal – na técnica ART (Atraumatic Restorative Treatment, sigla em inglês).
A técnica foi desenvolvida em meados da década de 80 e visa tratamentos que gerem o menor nível de desgaste possível, seja para o paciente, seja para o próprio dente. É um método simples e inteiramente manual, ou seja, não utiliza equipamentos de alta tecnologia ou consultórios equipados – o que a caracteriza como ideal para a realidade da saúde indígena, que opera, muitas vezes, sem energia elétrica.
A coordenadora do DSEI, Ivaneizília Ferreira Noleto, afirma que é por meio da capacitação que os profissionais de saúde bucal aprimoram o trabalho. “Esse curso é fundamental para a formação dos profissionais que atuam em área. Ele possibilita novos aprendizados e garante a incorporação de procedimentos coletivos e individuais, até mesmo em locais onde não há consultórios odontológicos fixos”.
Jefter Chaves Mendes, referência técnica de Saúde Bucal do DSEI Tocantins, acredita que o trabalho realizado pelas oito equipes de saúde bucal do DSEI vem mudando a realidade da região. “Temos indicadores de saúde bucal que melhoram anualmente. O número de extrações dentárias vem diminuindo consideravelmente e, por outro lado, o de restaurações só cresce. Isto nada mais é que o acesso dos indígenas às escovas e aos cremes dentais que entregamos a cada três meses”, garante o odontólogo.
Para Vilmar Xerente, vice-presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena do DSEI Tocantins, o curso permitirá que as ações de saúde bucal avancem e tenham ainda mais qualidade. “A promoção desses eventos vem ao encontro das nossas necessidades. Felizmente, a gestão do DSEI tem atuado junto às comunidades e não tem medido esforços para realizar ações de saúde e saneamento. Isto é reconhecido pelas nossas lideranças e comunidades indígenas”.
Dividido em aulas expositivas teóricas e parte prática, o curso foi realizado em parceria com o Conselho Regional de Odontologia (CRO/TO), a Associação Brasileira de Odontologia do Tocantins (ABO/TO) e a Universidade Luterana do Brasil (ULBRA). Jefter Chaves Mendes, Rayane Leite (cirurgiã do polo base de Tocantínia), Ralf Priesnitz Simch (coordenador do curso de odontologia da ULBRA) e Karina Pântano Pinheiro (professora da ULBRA) ministraram o curso.
AÇÃO INTEGRADA
Ivaneizília destaca que as ações de saúde bucal realizadas no Distrito também têm enfoque na ação integrada com as outras áreas de saúde, na utilização de outros espaços sociais para a realização de ações coletivas e na mudança do enfoque assistencialista para o preventivo e coletivo, estimulando o protagonismo dos indígenas sob a sua própria saúde bucal.
Como resultado de tamanha dedicação, esse ano o DSEI recebeu o premio de melhor experiência bem sucedida no 31º Congresso Nacional de Secretários Municipais de Saúde, em Brasília. O projeto “Devolvendo sorrisos” foi uma parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Tocantinópolis (TO).
TÉCNICA ART
Desde 1994, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Federação Dentária Internacional (FDI) recomendam a utilização do tratamento restaurador atraumático em países em desenvolvimento. Com resultados positivos, as instituições passaram a recomendar sua utilização em países desenvolvidos também.
Entendendo o potencial transformador da técnica, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) vem investindo em capacitações para seus profissionais de saúde bucal. O primeiro curso foi ministrado em Brasília, em novembro de 2014, e ministrado pelos maiores experts do tema: o professor holandês Jo Frencken, do Departamento de Saúde Bucal Global da Universidade Redbound, de Nijmegen, Holanda, e a professora brasileira Maria Fidela de Lima Navarro, da Universidade de São Paulo.
Por Déborah Proença
Fotos: Acervo / DSEI Tocantins