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Sesai oferece curso de capacitação para odontólogos de Polos Base e DSEIs
A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) está promovendo, até o próximo dia 28, em Brasília (DF), o “Curso de Capacitação de Multiplicadores na Prevenção e Tratamento da Cárie Dentária em populações Indígenas”. O treinamento é direcionado para profissionais odontólogos que atuam nos Polos Base dos 34 Distritos Sanitários Especiais de Saúde Indígena (DSEIs).
Neste primeiro curso, destinado a um dentista de cada distrito, o objetivo é formar multiplicadores que possam estender os conhecimentos a outros colegas em seus DSEIs. A expectativa é capacitar todos os 440 odontólogos dos 34 distritos e os 440 Auxiliares de Saúde Bucal (ASB).
Na programação, estão sendo debatidos conceitos introdutórios sobre a intervenção mínima na Odontologia; a técnica ART (Atraumatic Restorative Treatment) e o material utilizado no procedimento – o Cimento de Ionômetro de Vidro (CIV); e a prevenção, promoção e educação na saúde bucal indígena. “Esse curso é uma estratégia de fortalecer a educação permanente nos distritos e qualificar a técnica empreendida”, afirma o dentista Gabriel Côrtes, técnico da Sesai e responsável pela coordenação do curso.
Capacitação
Como instrutores, a capacitação conta com os maiores expoentes da técnica ART no mundo: o holandês e criador da técnica, Professor Jo Frencken, do Departamento de Saúde Bucal Global da Universidade Redbound, de Nijmegen, Holanda; e as professoras brasileiras Maria Fidela de Lima Navarro, da Universidade de São Paulo (USP), e Soraya Coelho Leal, da Universidade de Brasília (UnB).
Além da professora Soraya, a Faculdade de Ciências da Saúde, da Universidade de Brasília (UnB), também está representada pelo professor Tiago Araújo Coelho de Souza e pela doutoranda Renata Nunes Cabral.
De acordo com o professor Jo Frencken, o Brasil é o país líder no uso da técnica ART. Porém, ressalva Maria Fidela Navarro, é preciso capacitar melhor seus profissionais. “Apesar de sermos o país líder na técnica, precisamos dar mais capacitação aos nossos dentistas. Estou muito feliz de vir aqui e poder contribuir com esses profissionais e é incrível que o professor Jo esteja aqui também, pois vê-lo em ação é muito especial”, afirma a professora.
Técnica
Como o próprio nome diz, a técnica ART pretende tratar os usuários da maneira menos traumática possível. É uma técnica manual, simples, que dispensa maquinário e anestesia. “É uma técnica sem traumas para o dente, sem maiores danos, pois o dente é o mais forte na equação mão-dente. Então, retira-se apenas o tecido danificado, nada mais”, ressalta o professor.
Gabriel Côrtes salienta a importância da técnica para a saúde indígena: “Essa é uma técnica que, diferente da técnica odontológica tradicional, dispensa a necessidade de um consultório. Então, você consegue fazer a restauração, tratar a cárie, sem precisar de energia elétrica, sem ter água encanada. Consegue levar o tratamento a uma aldeia muito distante, de difícil acesso, e até o domicílio de algum morador, de alguém que está acamado”. Gabriel afirma que a técnica tanto trata quanto previne, pois é possível restaurar e aplicar o selante – a prevenção em si.
Na saúde indígena, o ART representa 45% de todas as restaurações realizadas em 2013. “Na nossa realidade ele é muito bom, pois temos muita dispersão, indígenas nômades ou que moram em comunidades de difícil acesso. Com o tratamento, você reduz o número de extrações, reduz a dor”, complementa Côrtes.
Além das aulas teóricas, os dois últimos dias de curso serão de aulas práticas. Os materiais didáticos – manual e vídeo-aulas – estão sendo preparados pela coordenação técnica da Sesai para servir de subsídio para os multiplicadores formados.
Por Déborah Proença
Foto: Luís Oliveira/Sesai-MS