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Mais Médicos leva profissionais em tempo integral para postos de saúde em terras indígenas
Os estados de Sergipe (SE) e Alagoas (AL) formam um único Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) que atende a uma população de 13.098 indígenas situados em 29 aldeias espalhadas em dez municípios (nove em Alagoas e um em Sergipe). A chegada de sete profissionais do programa "Mais Médicos" nesse DSEI permitiu a permanência de médicos nos postos de saúde de segunda a sexta e em tempo integral. Até agora, o programa já levou 305 profissionais para 34 DSEIs em todo o país.
Ao todo, o DSEI de Alagoas/Sergipe possui 12 Polos Base de Saúde que atendem a região e oferecem o serviço de Atenção Básica às comunidades indígenas. “A gente tinha dificuldade com os horários dos médicos, era um problema sério. Não tinha médico para trabalhar 40 horas por semana. Agora, com o Mais Médicos nós temos”, revela a coordenadora do DSEI Alagoas/Sergipe, Genilda Leão da Silva.
Um dos médicos que chegou ao distrito indígena foi o cubano Ricardo Marsan Perez, que atende as etnias Karuazul e Katokinn no município de Pariconha, em Alagoas. “Nós trabalhamos com demanda agendada. Tem um horário para as crianças, outro para as gestantes, outro para os idosos e também reservamos um espaço para as emergências que chegam durante o dia”, explica o médico Ricardo. Ele também participa de visitas domiciliares nas aldeias e das campanhas vacinais.
Técnica de enfermagem e liderança indígena da etnia Karuazul, Lindaci Lindaura, de 43 anos, reforça que a chegada do Dr. Ricardo melhorou o atendimento no posto de saúde. “Ele atende todo mundo muito bem, é educado. Estão todos felizes”, ressalta Lindaci. Para ela, o problema também era a falta de médicos que trabalhassem 40 horas semanais. “Tínhamos dificuldades por isso. Quando não tinha médico no posto tínhamos que mandar o paciente para Delmiro Gouveia (AL)”, relata Lindaci, citando o município vizinho.
A outra etnia atendida pelo Dr. Ricardo é a Katokinn, também no município de Pariconha (AL). A cacique da aldeia Maria das Graças de 53 anos - que também é conselheira distrital de saúde - reforça a dificuldade das aldeias em ter um médico com dedicação exclusiva. “Não tinha médico suficiente para suprir as carências dos povos. A gente chegou a passar até seis meses sem médico em alguns Polos de Saúde”, comenta a cacique, ressaltando que dependendo da distância da aldeia a situação era ainda mais difícil.
Saúde Indígena
Em todo o Brasil, cerca de 640 mil indígenas habitantes de aldeias em terras demarcadas recebem os cuidados da Atenção Básica do Ministério da Saúde por meio da Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai). Mais de 15 mil profissionais compõem as Eequipes Multidisciplinares de Saúde Indígena que visitam periodicamente aldeias em todo o país.
Por Lucas Pordeus Leon
Blog da Saúde