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Saúde Indígena
Confira a história de Elenir, servidora da Casa de Saúde Indígena do DF
“A saúde indígena é a minha vida, as duas se confundem”. A afirmação da chefe da Casa de Saúde Indígena (Casai) do Distrito Federal (DF), Maria Elenir Neves Coroaia, não é exagero para demonstrar que ela ama o que faz. São 51 anos de vida, 34 deles dedicados à área. Nascida na terra indígena Ligeiro, no Rio Grande do Sul (RS), aos 17 anos, Elenir participou “sem expectativa porque nem sabia o que era” da seleção para o curso de formação de monitor de saúde. De lá, foi trabalhar na terra indígena Nonoai e, desde então, passou a atuar na saúde indígena.
Elenir é indígena, da etnia Kaingang, e viveu até os 25 anos em aldeias. “Quando fiz o curso de formação entrei em conflito, porque era a visão ocidental. Não havia um preparo para trabalhar no contexto observando as práticas e os cuidados da medicina tradicional indígena”, lembra. Uma realidade que inclui pajés, parteiras, rezadeiras/benzedeiras, raizeiros.
Com a transferência da responsabilidade pelas ações de saúde indígena, até 1999 delegada à Fundação Nacional do Índio (Funai), vinculada ao Ministério da Justiça (MJ), para a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Elenir passou a integrar o quadro de servidores do Ministério da Saúde (MS). Em 2006, ela veio para Brasília para trabalhar no Departamento de Saúde Indígena da Funasa. “Trabalhei em aldeia e em um Polo Base para recebimento de pacientes de média e alta complexidade. Senti necessidade de me mudar para a capital do país para compreender os processos da saúde indígena. A intenção era, em dois anos, ir para o Norte trabalhar com mulheres indígenas, mas acabei ficando”, recorda Elenir. Com a criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), em outubro de 2010, ela optou mudar-se para a secretaria.
Graduada em assistência social e participante da primeira turma do Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Indígenas da Universidade de Brasília (UnB), em janeiro, Elenir defendeu a dissertação de mestrado “Reflexões sobre as práticas Kaingang de cuidados com a gestação, parto e pós-parto e suas interfaces com o sistema oficial da saúde”. O tema é baseado na história de vida de Elenir, de outras mulheres e no trabalho desenvolvido por ela na terra indígena Ligeiro. Com o estudo, a proposta é buscar políticas públicas para melhorar o atendimento.
Na próxima semana, ela participará da 5ª Conferência Nacional de Saúde Indígena (5ª CNSI). “A CNSI é um momento democrático e participativo muito rico, onde estão reunidos representantes indígenas, trabalhadores e gestores para repensar o subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS). Dessa conferência devem sair propostas muito interessantes para a construção de novas diretrizes para reformulação ou aprimoramento que vão qualificar a atenção à saúde indígena”, observa Elenir.
*Comunicação Interna do MS