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CIDADANIA FISCAL
Receita Federal em parceria com a UFU iniciam Projeto de Geração de Energia por meio de cigarros apreendidos em Uberlândia/MG
A Delegacia da Receita Federal em Uberlândia firmou parceria com a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) para destinação sustentável de cigarros apreendidos. Desse acordo, três projetos foram idealizados, sendo que dois estão em andamento.
A primeira proposta em desenvolvimento é transformar o cigarro em pellets. Os pellets são partículas de aproximadamente 6mm, densas e compactas. Um tipo de biocombustível sólido produzido a partir de resíduos da cadeia produtiva florestal e industrial, tal como a serragem de madeira, cascas de arroz e amendoim, palha de milho, capim e resíduos de poda urbana. A utilização dos pellets é favorável ao meio ambiente, pois é neutro em carbono, ou seja, todo CO2 (emitido na sua queima) é recuperado no crescimento da árvore, além de ser derivado de resíduos de madeira que constituem um passivo ambiental quando deixado no campo.
A proposta consiste em incluir os resíduos de cigarros apreendidos pela Receita Federal (caixas, pacotes e maços de cigarros) na rota industrial de produção de pellets. Para tanto, os resíduos de cigarros precisam ser triturados e convertidos em partículas inferiores a 2 milímetros. Em seguida, devem ser misturados aos resíduos de serragem de madeira numa proporção adequada, para que possa ser usado como biocombustível.
Por meio de ensaios em laboratório da UFU, verificou-se que fazendo uma mistura de até 20% em massa de resíduos de cigarros e 80% de serragem de madeira, seria possível manter as características energéticas dos pellets requerida por produtores desse tipo de biocombustível. Logo, haveria mercado para incluir o resíduo de cigarros apreendidos na matriz energética brasileira. A figura abaixo mostra uma ilustração do processo:
Figura 1 – Produção de pellets a partir da mistura de resíduos de cigarros e serragem de madeira: 1) 20% de resíduo de cigarro; 2) 80% de resíduo de serragem; 3) mistura dos resíduos e 4) Produção de Pellets em empresas brasileiras.
A segunda proposta consiste na transformação do cigarro em energia. Os pellets são aplicados diariamente no aquecimento comercial ou residencial de ambientes, mas também podem ser utilizados como biocombustível para a geração de energia elétrica em plantas industriais ou, até mesmo, em usinas termoelétricas.
Dentre as características energéticas dos pellets, destacam-se a baixa umidade (menor que 10%), a alta densidade energética (4,3 vezes maior que a de serragem e 3,4 vezes maior que o cavaco de madeira) e finalmente o poder calorífico, que em média é superior a 17000 kJ/kg. A inclusão de até 20% em massa de resíduos de cigarros na composição de pellets de madeira tem como característica preservar as propriedades energéticas dos pellets comerciais.
A indústria nacional de pellets de serragem de madeira produz anualmente mais de 2 milhões de toneladas desse biocombustível. Há grandes e pequenas empresas espalhadas em praticamente todos os estados brasileiros. Logo, é possível constatar que há uma rota energética viável para a carga de cigarros diariamente apreendidos pela Receita Federal. A figura a seguir ilustra o processo de inclusão de resíduos de cigarros apreendidos na matriz energética nacional de biocombustíveis.
Figura 2 - Inclusão de resíduos de cigarros apreendidos na matriz energética nacional de biocombustíveis.
O delegado da Receita Federal/Uberlândia, o auditor-fiscal Eduardo Antônio Costa, comenta a respeito: "a DRF/Uberlândia está em parceria com a UFU em três projetos, para um uso sustentável do cigarro apreendido. Todos os projetos são com o departamento de Engenharia Mecânica. O primeiro projeto consiste na montagem de uma máquina que vai separar os componentes do cigarro para uso separado de seus componentes, mediante transformação, como foi o caso do tabaco em inseticida e adubo. O segundo projeto, citado nas propostas 1 e 2 acima, consiste na formação dos pellets para uso em caldeira a vapor em indústrias. O terceiro projeto, ainda em fase incipiente consiste na transformação em energia em uma usina de recuperação energética de lixo, onde através de um reator será transformado o cigarro apreendido em energia. Temos interesse de sucesso em todos os três projetos, pois podemos conseguir resolver o eterno problema da destinação do cigarro apreendido em todo o território brasileiro. O objetivo é difundir os projetos para todo o Brasil, assim que forem sendo concluídos", afirmou.