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Entrevista
Brasil terá 5G em 2022
Ministro das Comunicações, Fábio Faria - Foto: Alan Santos/PR
Uma conexão de internet móvel mais rápida, ágil e econômica. E com uso em diversas áreas, como transportes e telemedicina. É o que promete a tecnologia 5G, uma realidade em muitos países e que está chegando ao Brasil.
Em telecomunicações, o 5G é o padrão de tecnologia de quinta geração para redes móveis e de banda larga que as empresas de telefonia celular começaram a implantar no fim de 2018. O 5G é o sucessor planejado das redes 4G, que fornecem conectividade para a maioria dos dispositivos atuais.
Ainda será leiloada a empresa que ficará responsável pela implantação da tecnologia no país.
Sobre o 5G e as respectivas inovações, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, concedeu uma entrevista à nossa equipe.
Já existe prazo para o leilão do 5G?
Sim. O leilão já saiu da Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações]. Está indo agora para o TCU [Tribunal de Contas da União], que vai ter em torno de 60 dias para fazer as observações finais. Ele retorna para a Anatel e, em 40 dias, nós teremos o leilão. Estamos falando em 100, 120 dias. Em junho, julho no máximo, nós estaremos realizando o leilão de 5G no Brasil.
Quando os brasileiros começarão a ter acesso a essa tecnologia 5G?
Nós colocamos em uma das obrigações no edital para que nós tenhamos a 5G no Brasil em todas as capitais funcionando, o 5G standalone, que é o 5G plus, de maior qualidade, até junho do ano que vem. Em junho de 2022, teremos, nas 27 capitais do Brasil, o 5G puro funcionando e antes disso a solução híbrida, que é o 5G standalone, que é um 5G que aumenta a velocidade. Tem outro que, além da velocidade, com a latência muito baixa que vai ser possível utilizar com a internet das coisas, é a comunicação de coisa com coisa.
Quais são as principais diferenças dessa tecnologia 5G? Quais são os benefícios para o país?
No 4G, nós temos o Facetime, mensagens de áudio, você pode se comunicar com qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo instantaneamente. O 4G veio para as pessoas. E o 5G não. Ele veio para mudar a vida das indústrias. Vai ser uma revolução nas indústrias. Nós teremos as empresas tendo um alto ganho de produtividade. Toda a cadeia de produção das empresas irá se comunicar. Por exemplo, nós teremos uma telemedicina a distância funcionando. Aqui em Brasília, um médico pode fazer uma cirurgia em uma sala. Se tiver uma sala de cirurgia no meio da Amazônia, por exemplo, ele pode fazer a operação daqui. Porque com o 5G funcionando, o standalone tem uma latência muito baixa. Por que não faz hoje? Porque hoje com um erro de um milímetro de um lado ou para o outro, nós podemos perder uma vida. Então, o 5G standalone, a latência é muito baixa, então não tem erro de intervalo de tempo. Tem uma precisão muito grande. Nós teremos carros sem motoristas, que são os veículos autônomos, as cirurgias a distância, o aumento da conectividade rural, as empresas do agrobusiness vão crescer muito. E várias outras empresas terão a oportunidade de evoluir. Eu digo que o 5G vem para as empresas e as indústrias.
Para operar o 5G no Brasil, as empresas vencedoras têm que cumprir algumas obrigações definidas pelo Ministério das Comunicações para democratizar ainda mais a internet. Quais são essas obrigações?
No começo da crise sanitária, nós chegamos ao aumento de quase 50% de pessoas que utilizam a internet. Nós fomos capazes de oferecer o serviço. O Presidente Bolsonaro baixou um decreto, tornando telecomunicações um serviço essencial, o que foi importante para que as empresas pudessem fazer todos os serviços nos estados. E com isso a gente também observou que as pessoas começaram a fazer home office, ensino a distância, falando com os parentes a distância, visitando e matando as saudades das pessoas que moravam longe. Observamos que tem 45 milhões de brasileiros, 20% do Brasil, que não tem internet, que não tem nenhum acesso. Então, nós colocamos nas obrigações primeiro que nós possamos levar internet para todas as localidades acima de 600 habitantes. São 16 mil localidades. Todas elas terão internet 4G até 2028. Nós iremos fazer o Norte Conectado, que é a região que tem menos acesso à internet. Só o Norte Conectado vai atender 10 milhões de pessoas, quase 25% do gap que nós temos no Brasil. 48 mil km de rodovias federais, rede privativa de governo, além do 5G standalone que vai chegar para modificar a vida das empresas.
Ministro, no mês passado, o senhor liderou a missão brasileira a países da Europa e da Ásia justamente para conhecer de perto fabricantes de 5G. Quais foram os resultados?
Foi muito importante. Primeiro porque levamos o TCU. O TCU montou um grupo de trabalho. Nós tivemos a condição de que o TCU tirasse algumas dúvidas in loco nas empresas. Até porque ele tem, por lei, até 150 dias para se manifestar. Com a viagem, eles disseram que reduziriam em 90 dias. O Brasil ganhou três meses de presente de antecipação do 5G. E nós visitamos as empresas. Até para saber qual é a diferença do 5G standalone. Como funciona uma empresa conectada? A gente pode observar, na Nokia, na Finlândia, o inimaginável para mim: o 6G funcionando! Eu tive a oportunidade de observar essa mudança mais à frente. Nem vamos falar sobre o 6G para não confundir. Mas foi importante para ver o que queremos no Brasil. Tem empresa que tem expertise maior em rede privativa, outra com expertise maior na conectividade rural no campo. Então nós temos hoje um diagnóstico. Mas, deixando bem claro, as empresas não entram no leilão. Quem participa são as teles: a Claro, a Vivo e a Tim, porque a Oi móvel foi vendida para essas 3 operadoras. Depois que elas ganham o leilão é que elas vão adquirir os equipamentos.