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Preservação
No isolamento, ararinhas-azuis superam expectativas de adaptação
Exclusivas da caatinga, as ararinhas eram consideradas extintas na natureza e só eram recorrentes em cativeiros - Foto: Divulgação/ICMBio
As ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii) chegaram ao Brasil no dia 3 de março. Desde então, seguem uma rigorosa quarentena para adaptação e observação da espécie. Ela foram liberadas no aviário, mas ainda estão em isolamento com o ambiente externo e outros animais pelos próximos 21 dias.
A viagem das ararinhas foi bem-sucedida. Não houve mortalidade e as aves chegaram em ótimo estado de saúde. Todas elas estão comendo e bebendo normalmente; elas estão calmas e confortáveis em suas novas habitações e se acostumando com o clima da Caatinga. Para auxiliar na recuperação dos animais após a longa viagem, está sendo fornecida a eles a mesma alimentação que tinham na Europa. A comida para as ararinhas-azuis foi trazida no avião junto com as aves, com toda certificação e autorização pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Agricultura (MAPA).
Exclusivas da Caatinga, as ararinhas eram consideradas extintas na natureza e só eram recorrentes em cativeiros. As principais causas do declínio populacional foram a caça e comércio ilegal da espécie. Desde que a ararinha-Azul foi extinta na natureza, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio) traçam estratégias para reintroduzir 52 ararinhas em seu habitat natural, localizado em Curaçá/BA.
Reintrodução
Em uma ação de organizações internacionais, com o apoio do Governo Federal, espécimes da ave criadas em cativeiro no exterior serão agora reintegradas ao meio ambiente. Entre os vários detalhes específicos da megaoperação está a quarentena, que acontece no Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha-Azul, na Bahia.
Além do programa realizado em cativeiro, o Plano de Ação Nacional (PAN) ararinha-azul promoveu a criação das Unidades de Conservação (UCs) onde ocorrerá a soltura das aves em Curaçá. As UCs são geridas pelo ICMBio, garantindo uma maior proteção a essas aves, possibilitando a continuidade do trabalho e auxiliando na educação ambiental e apoio ao turismo e desenvolvimento socioeconômico da região.
Soltura
O passo mais delicado da operação será justamente o momento em que as ararinhas criadas em cativeiro serão soltas. Dessa forma, é necessário o treino do animal para que ele possa sobreviver sozinho. O processo envolve a captura de aves Maracanã para formar grupos com as ararinhas-azuis para auxiliar na reintrodução da espécie no habitat.
A primeira soltura deve ocorrer ao longo do primeiro ano, após a adaptação das aves em um gigantesco recinto construído na Caatinga. Como trata-se de uma ação inédita, não é possível prever o resultado, então todas as experiências de reintrodução envolvendo psitacídeos serão levadas em conta. A ideia, em um primeiro momento, é manter as ararinhas o mais próximo possível do local de soltura, em um espaço mais reservado e sem a interferência de pessoas. Assim, comedouros serão implantados e abastecidos diariamente para que as aves se acostumem à região até iniciarem o processo de migração.
Já o segundo grupo, formado por 20 indivíduos, só deverá ser solto seis meses depois do primeiro. Dessa vez, sem o auxílio das Maracanãs, para que as aves encontrem as ararinhas que já estiverem na natureza.
Para garantir o restabelecimento da espécie na natureza, a equipe de especialistas do ICMBio vai ajudar no crescimento populacional das aves por meio de reprodução controlada. A terceira fase do cronograma de soltura já será com animais que nascerem no Centro de Reprodução até 2021. Além disso, um acordo com mantenedores da ararinha estabelece que todos os criadouros enviem ao refúgio em Curaçá 70% dos filhotes que nascerem anualmente.
Com informações do ICMBio