Notícias
energia limpa
Fontes de energia renováveis representam 83% da matriz elétrica brasileira
Primeiros painéis solares fotovoltaicos instalados no prédio do Ministério da Defesa, em Brasília Foto: Ministério da Defesa
O Brasil, atualmente, tem 83% de sua matriz elétrica originada de fontes renováveis, de acordo com o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Reive Barros. A participação é liderada pela hidrelétrica (63,8%), seguida de eólica (9,3%), biomassa e biogás (8,9%) e solar centralizada (1,4%).
Barros ressaltou que é fundamental utilizar todo o potencial de fontes renováveis disponíveis, não só pelo aspecto tecnológico e ambientalmente sustentável, mas principalmente pelas questões socioeconômicas, com a geração de emprego e renda para a nossa população.
“O Brasil se destaca no mundo pela utilização cada vez maior de fontes renováveis, contribuindo, dessa forma, para uma redução maior da emissão de gases de efeito estufa, com valores compatíveis com os compromissos assumidos no Acordo de Paris”, afirmou.
Segurança energética
Em 2019, o Brasil ultrapassou a meta de capacidade instalada, com aumento de mais de 7 mil megawatts (MW). Capacidade instalada é o total de energia que pode ser produzido, definido a partir da fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No total, o País conta com mais de 170 mil MW de potência fiscalizada.
A meta, que foi de 5,7 mil MW para o ano passado, é estipulada pela Aneel anualmente de acordo com a análise dos empreendimentos previstos para entrar em operação no ano. Ao final desse período, a fiscalização verifica se a meta estipulada foi ou não ultrapassada. Para 2020, o valor ainda não foi definido.
O diretor-geral da Aneel, André Pepitone, destacou, em entrevista ao Planalto , que o resultado alcançado no ano passado garante a segurança de suprimento de energia no País e explicou a importância do crescimento da participação da energia renovável no Brasil. “Essa energia é limpa, quase sem emissão de carbono e alinhada aos compromissos que o Brasil firmou na COP 21, de Paris.”
Pepitone ressaltou a participação da energia solar, que está crescendo bastante e já aparece nos indicadores de geração do País, e da eólica. “O maior potencial de crescimento é eólico, sobretudo na região nordeste, e a solar, contribuindo com a geração de energia. Na energia térmica, um terço vem do bagaço da cana de açúcar”, explicou.
A ampliação da geração eólica se destacou, com incremento de 971 MW, superior aos 776 MW acrescidos em usinas termelétricas. As usinas solares fotovoltaicas de grande porte agregaram 551 MW à matriz brasileira no ano.
Considerando o avanço verificado no ano, os 3.870 empreendimentos de energia solar em operação já são responsáveis por 1,46% da potência fiscalizada no País.
Apesar de não ser considerada fonte renovável, mas de transição, o gás natural é outra fonte que terá destaque nos próximos anos. “Com o pré-sal, o gás natural vai crescer bastante. Vai chegar a um valor baixo, reduzir custo de geração no País”, destacou o diretor-geral.
Perspectivas
De acordo com Barros, o Governo, por meio do Ministério de Minas e Energia, tem estimulado a participação de todas as fontes de energia na Matriz Elétrica Brasileira. “Considerando os principais atributos de cada uma, principalmente as questões relativas ao desenvolvimento tecnológico, segurança energética e geração de emprego e renda”, destacou.
Exemplo no setor público
Pioneiro na Administração Pública Federal, o Ministério da Defesa desenvolveu, em 2019, um projeto-piloto para utilizar a energia solar em seu prédio principal. A iniciativa, idealizada como parte do programa de eficiência de gastos na pasta, previu a instalação de painéis solares e deve suprir 40% do consumo de energia elétrica do edifício.
A instalação dos primeiros painéis fotovoltaicos começou em dezembro do ano passado. Serão colocadas 1,6 mil placas que devem gerar, em média, 72.000 KWh/mês. A previsão é que o sistema gere uma economia de R$ 500 mil por ano com energia elétrica.
O diretor do Departamento de Engenharia e Serviços Gerais (Deseg) do Ministério da Defesa, José Rosalvo Leitão de Almeida, destacou que “o tempo de retorno/pagamento do investimento está estimado em quatro anos e 10 meses, e a vida útil dos painéis é de 25 anos”.
O término da operação está previsto para ocorrer em maio do ano de 2020.
Sustentabilidade na Antártica
O novo espaço da estação de pesquisa brasileira Comandante Ferraz, inaugurado no último dia 15 no continente Antártico, utiliza as fontes renováveis eólica e solar fotovoltaica, além de um sistema de acumulação de energia, com bancos de baterias de íon-lítio.
A iluminação natural é complementada por um sistema artificial com tecnologia LED de baixo consumo de energia e cogeração de energia a partir da recuperação do calor dissipado pelos motores, para aquecimento da própria estação e da água de consumo.
Conheça os tipos de energia
A energia hidráulica é gerada pelo aproveitamento das águas de rios, por meio de usinas hidrelétricas. Essa fonte de energia é dependente da quantidade de chuva, mas, em geral, há reservatórios que guardam a água no período chuvoso para a época de escassez.
Já na energia solar, a eletricidade é gerada por meio da radiação solar captada pelos painéis fotovoltaicos. Esse painéis podem ser instalados nos telhados das construções ou em áreas sem cobertura vegetal.
A eólica é obtida a partir do vento por meio de aerogeradores instalados em torres, só pode ser gerada quando há vento suficiente. No sul e no nordeste os ventos são abundantes e podem-se instalar parques eólicos (conjunto de geradores).
A biomassa mais utilizada para geração de eletricidade atualmente é oriunda da cana-de-açúcar, plantada e processada principalmente nas regiões Sudeste e Centro-oeste.
No biogás, o principal método de produção é a quebra biológica de material orgânico na ausência de oxigênio, conhecida como digestão anaeróbica. Em plantas industriais, os microrganismos digerem a matéria-prima em um reator controlado, produzindo biogás com 50% a 70% de metano.