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Cientistas brasileiros desenvolvem novo teste para diagnóstico da hanseníase
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O novo teste é feito com uma amostra de sangue e identifica anticorpos contra a bactéria Mycobacterium leprae. - Foto: CAPES
Os cientistas brasileiros das Universidades Federais de São Carlos e do Paraná (UFSCar e UFPR) patentearam um teste sorológico para detectar a hanseníase. O novo teste é feito com uma amostra de sangue e identifica anticorpos contra a bactéria Mycobacterium leprae, causadora da doença, em poucos minutos. Portátil, barata, pouco invasiva e muito sensível, a novidade ajudará a interromper a transmissão da doença e auxiliará os médicos no tratamento.
Considerada uma doença tropical negligenciada (DTN), a hanseníase é responsável pela incapacidade física de 3 a 4 milhões de pessoas no mundo, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Anualmente, 200 mil novos casos são diagnosticados no mundo. Deste total, 14% são do Brasil, o segundo colocado no ranking mundial, atrás apenas da Índia.
“Este teste é uma importante conquista da ciência mundial. Neste trabalho, feito em parceria entre a UFSCAR e a UFPR, conseguimos desenvolver um método que permite o diagnóstico precoce impedindo a progressão da doença para estágios mais graves”, explica Ronaldo Censi Faria, professor do Departamento de Química da UFSCar. Ele é um dos autores da pesquisa, feita com a participação das bolsistas da CAPES Cristiane Zocatelli Ribeiro (UFPR) e Sthéfane Valle de Almeida (UFSCar).
Juliana de Moura, professora do Departamento de Patologia Básica da UFPR, há dez anos vinha buscando soluções para interrupção da transmissão da doença. Para ela, o teste será um aliado científico valioso para a vigilância epidemiológica: “precisávamos de um método que permitisse, por exemplo, o mapeamento dos casos em comunidades em que a hanseníase é endêmica, como em alguns estados do Centro-Oeste e do Norte do Brasil. A tecnologia desenvolvida pode ajudar muito, quando consideramos que a hanseníase é tratável e que, assim que o paciente começa a tomar a medicação, o bacilo não é mais transmitido”.
A pesquisadora explica, ainda, que quando as pessoas com hanseníase procuram atendimento médico, “é muito comum já haver o comprometimento de nervos periféricos”. Ela observa que em 2019, por exemplo, “10% dos novos casos no Brasil – cerca de duas mil pessoas –, já tinha o chamado comprometimento de grau dois, com perda de acuidade visual e dificuldade, por exemplo, de segurar um copo”.
Com informações da CAPES