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Em Tóquio, Brasil também tem representantes no time de controle de dopagem
Jocelito Martins e Thais Cevada são dois dos representantes do Brasil na antidopagem em Tóquio. - Foto: Min. Cidadania
Promover o esporte de forma justa, limpa, em condição de igualdade entre os competidores. Essas são algumas das missões dos oficiais de controle de dopagem que atuarão nas Olimpíadas de Tóquio 2020. Foram selecionados oito brasileiros para integrar esse time multicultural, composto por 250 pessoas do mundo todo. E, assim como os atletas, eles atravessaram uma série de barreiras para garantir a participação nos Jogos.
Profissional de Educação Física, doutora em Neurociência do Exercício e ex-ginasta da seleção brasileira, a oficial Thais Cevada é uma das integrantes do time. Oficial de controle de dopagem com experiência em grandes eventos, como os Jogos Rio 2016, ela viu no ofício a oportunidade de continuar próxima do esporte de alto rendimento e também de compreender melhor outras modalidades.
Entusiasta do esporte de alto rendimento, formado em educação física, nutricionista e doutor em Fisiologia Jocelito Martins é oficial de controle de dopagem desde 2002 e já atuou em diversas funções relacionadas à antidopagem. Tóquio será sua terceira Olimpíada, e ele também coleciona passagens por edições da Copa do Mundo, Campeonatos Mundiais e Pan-americanos. “Mas será uma experiência completamente nova viver uma Olimpíada em meio a um cenário pandêmico”, revelou.
A jornada até garantir o carimbo no passaporte foi longa: depois de serem indicados pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), Thais, Jocelito e seus colegas passaram por uma seleção rigorosa, que envolveu diversas etapas, como análise de currículo, provas escrita e oral de conhecimentos técnicos, éticos, de gerenciamento de situações inesperadas e de proficiência em inglês.
Jogos e Covid-19
Os candidatos selecionados passaram por um treinamento diferente dos anteriores: em decorrência da Covid-19, tiveram que participar de diversos cursos online para padronizar a atuação conforme as exigências da Agência Mundial Antidopagem (WADA, na sigla em inglês), e também para atualizar os conhecimentos. O Código Mundial Antidopagem, por exemplo, mudou este ano, e será seguido à risca em Tóquio.
Segundo Thais, o trabalho, que consiste em notificar o atleta, fazer provisões e coleta das amostras e garantir que o material chegue intacto ao laboratório, está mais relacionado à educação do que à punição. “O intuito é promover a igualdade, a segurança e a tranquilidade. Não queremos ser vistos como fiscais, mas sim como equipe que atua para proteger quem está se esforçando, treinando e ganhando de forma justa”, salientou. “Sabemos o quanto de sacrifício existe na vida do atleta”, completou Jocelito.
O domínio de ferramentas digitais foi outra exigência que demandou um treinamento especial. “Pela primeira vez, não usaremos formulários físicos, que foram substituídos pelo tablet. Para não restarem dúvidas, fizemos muitas simulações tecnológicas”, explicou Thais. Além do dispositivo, os oficiais receberam chips de celular e rádios de comunicação.
Reconhecimento internacional
Coordenador do Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD), o professor Henrique Pereira foi um dos cinco brasileiros convidados a atuar como especialistas internacionais nas atividades do laboratório anfitrião. Estima-se que cerca de seis mil amostras sejam analisadas durante as Olimpíadas e liberadas em menos de 24 horas.
As razões para comemorar não são poucas. Segundo o cientista, o convite é um reconhecimento ao sucesso do trabalho desenvolvido no Brasil. Por ter sido anfitrião dos últimos Jogos, o laboratório brasileiro recebeu investimentos e tornou-se referência internacional. “O Dream Team do controle de dopagem estará lá, o que é importante para a inserção internacional do trabalho do laboratório”, explicou.
A secretária da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), Luísa Parente, explicou que o treinamento da entidade segue o padrão internacional, mas adicionou um tempero brasileiro ao resultado, porque reproduz cenários cotidianos do esporte nacional.
Ela acredita que as diversas medidas que entraram no protocolo, como o uso constante de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e o distanciamento social, vieram para ficar e não representarão dificuldades aos oficiais brasileiros. “Torço para que sejam os melhores, que atuem dentro da conformidade e que o Time Brasil seja meta zero de dopagem”, acrescentou.
Com informações do Ministério da Cidadania