Brasil no Comércio Mundial Agropecuário
Desde o início da colonização no século XVI, o Brasil já fazia parte do crescente fluxo de comércio mundial. O açúcar foi o primeiro produto agropecuário com forte exportação para a Europa. Na década que se insere entre 1821/1830, 84,6% das exportações brasileiras eram de produtos agropecuários: açúcar (32,2% das exportações), algodão (20,0% das exportações), café (18,6% das exportações), peles e couros (13,8% das exportações). No final do século XIX (1891/00), os produtos agropecuários também dominavam a pauta. O café passa a ter um grande peso na nossa pauta exportadora: café (63,8% das exportações-), borracha (15,8%), açúcar (5,7% das exportações), algodão (2,5% das exportações), peles e couros (2,5% das exportações)[1]. Esses dados evidenciam que é histórica a inserção do Brasil no comércio mundial agropecuário.
No ano de 2017, o comércio de produtos agropecuários foi de US$ 1,16 trilhão[2] ou 8% do total do comércio mundial. Nesse mesmo ano, o Brasil exportou US$ 81,45 bilhões em produtos agropecuários ou 7% do valor total das exportações agropecuárias. Esse valor, que correspondeu a 37,4% do total das exportações brasileiras, colocou o País na terceira posição entre os principais exportadores de produtos agropecuários no mundo, sendo somente ultrapassado pela União Europeia (US$ 162,46 bilhões) e Estados Unidos (US$ 153,49 bilhões) e seguido de perto pelas exportações agropecuárias chinesas (US$ 75,44 bilhões).
A pauta exportadora brasileira mudou ao longo deste século XXI. Já no seu início, os produtos do complexo soja representavam 31,9% do total das exportações agropecuárias brasileiras, com as carnes chegando a 17,6%. Enquanto produtos tradicionais, como os do complexo sucroalcooleiro (14,3%) e café (8,5%), perderam espaços na participação total das vendas externas, em 2017, o complexo soja atingiu 38,9% do valor total exportado em produtos agropecuários e as carnes chegaram a 19%. É importante mencionar que o Brasil foi o principal exportador mundial de diversos produtos: soja em grão, açúcar, carne de frango, café, carne bovina in natura (em quantidade) e suco de laranja. Foi também o segundo maior exportador de farelo de soja, terceiro maior exportador de álcool etílico e quarto maior exportador de carne suína in natura.
Os destinos das exportações agropecuárias brasileiras tiveram grande mudança neste século. Em 2001, a União Europeia participava com 44,2% do total das aquisições, ocupando a Rússia e os Estados Unidos (6,5% de participação cada) a segunda posição. Em 2017, a China já era a principal importadora, alcançando 28,5% do valor total exportado pelo Brasil. A União Europeia, por sua vez, perdeu importância relativa, diminuindo sua participação para 16,5%. Os dez principais mercados importadores somaram 68,1% do valor total exportado em produtos agropecuários. Embora concentradas nos principais mercados, as exportações agropecuárias foram direcionadas para 180 mercados em 2017.
Com forte participação entre vários produtos e direcionada para quase todos os mercados, o desafio da agropecuária nacional nos próximos anos é ampliar sua participação no comércio mundial, tentando superar a barreira de 10% de participação nesse comércio. Para tal intento, é fundamental a execução de estratégias que permitam a diversificação da pauta exportadora, o acesso, a manutenção, a ampliação de mercados e a agregação de valor aos produtos, bem como a redução de barreiras tarifárias e não tarifárias e intensificação das ações de promoção internacional e de atração de investimentos.
Odilson Luiz Ribeiro e Silva é Fiscal Federal Agropecuário no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Engenheiro agrônomo com especialização em Negociação Agrícola Internacional, ocupa o cargo de Secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Mapa. Atuou ainda como Adido Agrícola junto à Missão do Brasil na União Europeia.