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Sustentabilidade
Brasil apresentou agronegócio tecnológico e limpo na COP26
O Brasil demonstrou durante a 26ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26), realizada em Glasgow, na Escócia, que a agricultura brasileira é sustentável e baseada em ciência, tecnologia e inovação. A avaliação está em um balanço da participação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na conferência, apresentado em entrevista coletiva virtual pelo secretário de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação da pasta, Fernando Camargo, e pelo presidente da Embrapa, Celso Moretti.
Segundo Moretti, se o país não tivesse desenvolvido a tecnologia para produzir soja, por exemplo, teria que utilizar uma área três vezes maior do que é plantada hoje para obter a mesma produção de agora. Isso corresponderia a uma área equivalente aos territórios da Itália e da Irlanda.
“A agricultura brasileira tem uma base sólida e muito forte em ciência, tecnologia e inovação. A inovação que nós desenvolvemos ao longo das últimas cinco décadas está no coração e no sucesso do desenvolvimento da agricultura brasileira”, ressaltou o presidente da Embrapa.
Celso Moretti destacou ainda que a meta do Brasil em se tornar uma economia neutra em carbono até 2050 será atingida com a participação muito forte do agro brasileiro.
Para o secretário de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação do Mapa, Fernando Camargo, o Brasil precisa popularizar a tecnologia para que chegue também aos pequenos produtores. “O grande desafio é fazer isso chegar para todos. É fazer não só com que o grande e o médio tenham acesso a essas novidades, ao melhor da ciência, ao melhor dos produtos, das novas tecnologias”, disse. Segundo Camargo, boa parte dos 6 milhões de agricultores brasileiros não têm acesso à tecnologia e o Governo precisa do apoio da iniciativa privada, do terceiro setor e de instituições como a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) para levar ciência e inovação ao pequeno produtor.
Redução de metano
Durante a COP26, mais de 100 países se comprometeram a implementar uma meta global de redução de 30% na emissão de gás metano. Na agropecuária, esse gás é emitido pelo arroto do boi, na chamada fermentação entérica. Mas não é só com a criação de gado, os aterros sanitários e lixões, os vazamentos nas estruturas de petróleo e gás natural (emissões fugitivas), no manejo de dejetos animais e na queima de combustíveis fósseis para produção de energia também emitem metano.
No caso da agropecuária, a Embrapa apresentou na COP26, as soluções para diminuir as emissões do gás. Uma delas está no melhoramento genético da pastagem para produzir capim que seja mais digerível no estômago dos animais.
A outra técnica também está no melhoramento genético, mas dos animais. Essa tecnologia está permitindo que os animais sejam abatidos mais precocemente, passando de 48 para 36 meses, o que reduz o tempo de vida do animal e, consequentemente, emitindo menos metano.
A terceira tecnologia está na utilização de aditivo no alimento dos animais para acelerar a digestão. Entre esses produtos estão o tanino e óleos essenciais, como o extraído do capim limão. Os estudos indicam uma redução entre 30% a 90% das emissões de metano com o uso desses aditivos.
Outra estratégia está na integração entre floresta, lavoura e pecuária para o sequestro de gás carbônico. Essa técnica está presente no Brasil em cerca de 17 milhões de hectares, equivalente a quatro vezes o território da Dinamarca.
“A integração lavoura, agropecuária e floresta permite que o carbono emitido pelos animais possa ser sequestrado tanto pelo componente florestal quanto pela agricultura”, diz o presidente da Embrapa.
A produção de biogás por meio de dejetos da criação de animais e de resíduos da cana-de açúcar é outra estratégia para resolver um problema ambiental e produzir energia limpa.
Plano Safra
Segundo o secretário de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação do Mapa, Fernando Camargo, o plano safra está cada vez mais verde ao oferecer recursos para financiamento de agricultura sustentável. Ele lembrou que o plano ABC possui linha de crédito para financiamento. Esse plano adota tecnologias para diminuir o impacto ambiental na agropecuária, entre elas criar floresta plantada, recuperação de pastagens, plantio direto, Fixação Biológica de Nitrogênio no solo, manejo de dejetos de animais e integração lavoura-pecuária-floresta.