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Reencontro na rodovia
Não existe felicidade maior que a oportunidade de reunir toda a família durante o Natal e as festas de fim de ano. Este é um período de alegrias, abraços, muita conversa e felicidade compartilhada. Entretanto, infelizmente, este privilégio não está presente no seio de todas as famílias.
Para quem tem um ente querido desaparecido, o luto é diário e a preocupação consome os dias. O ato de buscar uma pessoa em um Brasil tão grande não é nada fácil. A história de hoje é um verdadeiro presente que representa o espírito natalino.
Através de cruzamento de dados dos sistemas policiais, um PRF realizava buscas para achar as famílias de pessoas desaparecidas que eram encontradas nas rodovias. Um ato tão nobre e significativo que a PRF expandiu essa ideia e desenvolveu um sistema para conseguir promover cada vez mais reencontros. Conheça a historia do PRF Daniel e também como funciona o sistema Sinal Desparecido.
Fazer com que a filha encontre o pai, um filho conheça a mãe e que crianças venham ao mundo realizando o parto delas. Essas são algumas emoções que Daniel Pereira, 40 anos de idade, já experimentou na Polícia Rodoviária Federal, instituição que trabalha desde 2004.
Nascido no Rio de Janeiro, ele passou 20 anos da vida procurando o pai com apenas uma informação: um sobrenome. O encontro aconteceu em 2014 e, atualmente, eles são amigos, falam por telefone quase todos os dias e se visitam algumas vezes ao ano.
Nessa jornada, desenvolveu técnicas de buscas e cruzamento de dados e, com isso, ajudou muita gente a encontrar as raízes, a própria origem. Independentemente de como Daniel tenha encontrado o pai, o conhecimento acumulado nos anos de busca ajudaram não só na carreira – Daniel faz parte hoje da equipe de desenvolvimento de projetos de cruzamento de dados e inteligência da PRF –, mas também causou impacto na vida de outras pessoas.
São vários os casos, e o primeiro virou reportagem em rede nacional, em um dos programas com maior audiência da televisão brasileira, o “Fantástico”, da TV Globo. Em 2014 – mesmo ano em que encontrou o próprio pai –, Daniel estava trabalhando na pista, em Campina Grande, na BR-230, na Paraíba. A rodovia é conhecida pelas ultrapassagens perigosas, e a multa aplicada ao caminhoneiro Sidor Albrecht, que estava acima da velocidade permitida, seria apenas mais uma ocorrência normal do dia de trabalho.
Acontece que Daniel – já experiente com mecanismos de pesquisa –, decidiu procurar o nome do caminhoneiro na internet – um procedimento que ele adota até hoje como padrão. Foi quando encon trou a postagem, publicada há dois anos, de uma adolescente de 15 anos que procurava pelo pai.
Daniel revela o sentimento de empatia que teve quando leu aquele pedido de Vitória Albrecht, uma jovem que hoje tem 17 anos, que foi mãe aos 15, e desde então procurava o pai. Sensibilizado, conversou com Sidor e promoveu o encontro. “O que a Vitória fez foi como escrever um bilhete, colocar em uma garrafa e lançar no mar. E a gente teve a sorte de encontrar essa garrafa”, explica Daniel.
Foi por insistência dos amigos da PRF que a história foi parar na televisão. Depois disso, as pessoas começaram a contatá-lo para que as ajudassem em buscas por pessoas. O policial rodoviário afirma que, por ele, não teria divulgado nada, mas está feliz por terem feito, pois assim pode ajudar gente a reencontrar familiares e gerar esperança.
Além de promover encontros, também fez amigos: um dos casos é de uma mulher adotada por um casal holandês, ainda na infância, Joyce. Depois de muita pesquisa, conseguiram encontrar a mãe biológica dela, e finalizar uma dúvida que persistia. Joyce voltou para a Holanda, mas quando vem para o Brasil visitar a família recém-descoberta tam bém reencontra Daniel.
Embora não se apegue em números, algumas memórias emocionantes continuam vivas, independentemente dos anos passando. Como ajudar famílias a se reconectarem não fosse o suficiente, Daniel também teve outra experiência particularmente transformadora durante os anos de trabalho na pista: ele foi o responsável por trazer dois bebês à vida durante o parto das mães. Um deles, chama-se Daniel, em homenagem ao PRF.
No primeiro parto, nos momentos anteriores Daniel e os colegas estavam atendendo um acidente de moto em uma rodovia. Ele se lembra de ter colocado a vítima na ambulância e estar completamente sujo de sangue. Nessa hora, um carro com uma gestante parou e pediu ajuda. Era uma menina de apenas 14 anos, desesperada, entrando em trabalho de parto no meio de uma rodovia.
A ideia inicial era escoltar o carro até a maternidade, mas o bebê resolveu não esperar. No trajeto, a criança nasceu pelas mãos de Daniel. É nítido como ele se emociona falando do momento, o rosto iluminado por um sorriso. Ele lembra com clareza de detalhes como o cordão umbilical estava preso ao redor do pescoço do recém-nascido, causando sufocamento. Ele precisou cortar com um canivete, fazer respiração boca a boca e massagem cardíaca para reanimá-lo.
Quando a criança começou a chorar, ele diz que sentiu como se o próprio coração tivesse voltado a bater após os momentos de tensão. Era uma noite fria e aquele bebê – que hoje é um menino chamado Kevin, que Daniel visita de vez em quando –, teve como primeiro abrigo uma farda da PRF, que o aqueceu até que chegassem à maternidade.
Essas são apenas algumas das muitas histórias de Daniel, que trabalhou na pista, em Campina Grande, até 2017. Depois disso, foi para o setor de inteligência da PRF. Por conta dos serviços prestados, em 2020, o carioca Daniel recebeu o título de Cidadão Paraibano pelos relevantes serviços prestados à Paraíba, onde está desde que entrou na PRF e de onde não pensa em sair.
Na PRF, Daniel participou de histórias emocionantes, fez amigos, uniu famílias, ajudou crianças a chegarem ao mundo, construiu uma carreira e contribuiu para a segurança de todo o país. Embora tenha orgulho dos projetos que desenvolve no setor de Inteligência, revela o
desejo de um dia voltar para a pista. “É onde está a emoção”, concluiu.
Sinal Desaparecido
O Sinal Desaparecido é um serviço da PRF para ajudar a encontrar pessoas desaparecidas. O serviço possibilita às famílias o imediato registro de desaparecimentos de pessoas. Todos os policiais de plantão, num raio de 500 quilômetros do local do desaparecimento, são imediatamente comunicados do ocorrido, possibilitando uma localização mais rápida da pessoa. O serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana.
Saiba mais no link: https://www.gov.br/prf/pt-br/servicos/sinal-desaparecidos