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PRF: educação desde a base
Levar conhecimento sobre as leis de trânsito e implementar valores como cidadania e disciplina na rotina dos alunos. Esse é o objetivo do projeto PRF nas Escolas, que começou em 2017, em Palmas, capital do Tocantins (TO), graças a uma parceria entre a Prefeitura do município, por meio da Secretaria de Educação (Semed), e a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Atualmente, a ação atinge 2.400 crianças em duas instituições de Palmas.
Escolas.
O primeiro colégio a receber os policiais foi a Escola de Tempo Integral (ETI) Anísio Spínola. Depois, já em 2021, o modelo foi replicado na Escola de Tempo Integral Padre Josimo Morais Tavares. Nesta última, a PRF teve um desafio especial: ajudar a instituição a receber os alunos com segurança em tempos pandêmicos. Em colaboração mútua, as instituições prepararam um retorno às aulas presenciais com demarcações e protocolos de higiene para impedir o contágio pela Covid-19.
A diretora da escola, Luciana Kramer, conta que a ideia partiu do colégio, que procurou a Secretaria de Educação para sugerir um modelo colaborativo, semelhante ao que existia na Anísio Spínola. Depois de analisar a disponibilidade – e garantir que a PRF teria equipe para suprir as necessidades das duas escolas –,- tiveram a confirmação do apoio. “Foi uma alegria. Nós já sabíamos do sucesso da parceria com a Anísio Teixeira, então ficamos muito animados de recebê-los”, enfatiza Luciana.
A rotina dos educadores e PRF’s na Padre Josimo é intensa: são 1.200 alunos matriculados, do primeiro ao nono anos do ensino básico e fundamental. A escola serve café da manhã, almoço e lanche da tarde, pois os estudantes ficam na instituição por tempo integral, das 8 h às 17 h. Luciana Kramer percebeu, logo nos primeiros meses, que a presença dos policiais a ajudou a administrar tamanha responsabilidade. Ela explica que a equipe da PRF se dedica intensamente ao projeto, trazendo, inclusive, referências bibliográficas pedagógicas, o que diminuiu a extensa carga de trabalho dela. “Eu até costumo brincar que essa escola é uma minicidade, muitas cidades do interior não têm tanta gente. Para administrar algo assim, é bom contar com parcerias”, avalia.
Entenda a missão
A veia pedagógica não é novidade na PRF. Entre os projetos em colaboração com a comunidade já existe, há mais de 20 anos, o Festival Estudantil Temático Teatro para o Trânsito (Fetran), que utiliza a arte como ferramenta lúdica para ensinar boas práticas no trânsito. No projeto, monitores treinados pela PRF– incluindo policiais aposentados –, ficam nas unidades escolares participando da capacitação de professores e alunos. O PRF nas Escolas também inclui sinalização da escola com placas, faixas e semáforos, realização de exposições, palestras, concursos de redação entre outras atividades pedagógicas.
O PRF Almir Eustáquio explica que os policiais que participam do projeto têm formação continuada. Todas as sextas-feiras se reúnem na superintendência para estudarem técnicas de docência e didáticas para entender a melhor forma de inserir as atividades no contexto escolar. Ele mesmo tem pós-graduação em Educação Transformadora, pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul. Muitos dos voluntários são militares aposentados. “No projeto, esse profissional é aproveitado na educação, incentivando também que ele estude”, conclui. Há também policiais que fazem parte do projeto que cursam pedagogia ou outra faculdade relacionada à educação.
A primeira escola a receber o projeto, a Anísio Teixeira possui seis servidores treinados pela PRF no dia a dia para gerenciar a instituição que abriga mais de mil alunos, de seis a 14 anos de idade. A diretora da Escola, Cleudemar Abreu Lopes, avalia que os benefícios foram colhidos não só dentro do ambiente educacional, mas se expandiram para a comunidade. “Nós trabalhamos com uma comunidade carente. Além da participação aqui dentro, a PRF também foi de extrema importância para a comunidade. Quando chega um PRF na casa da família, é muito bem visto”, conta, elogiando o relacionamento da instituição com a sociedade ao redor.
Na prática
A professora Milena Barreto Cordeiro, mãe de um aluno, conta que a princípio ficou apreensiva com a chegada dos policiais rodoviários, temendo que isso militarizasse a educação. Mas, durante a execução do projeto, se sobressaíram as práticas lúdicas e colaborativas. “Tudo é feito de uma forma atrativa para o jovem, nada é imposto, os alunos gostam. A educação com certeza se tornou diferenciada e essas crianças começaram a ter mais contato com princípios cívicos, a entender o que é ser cidadão”, explica.
Denis Matos – ex-aluno que estava na turma de 2017 –, entre os primeiros a participar do projeto, concorda com a abordagem atrativa e amigável: “Os monitores não eram apenas monitores. Muitas vezes eles eram como pais, pelo menos pra mim”. O aluno, que hoje quer seguir carreira militar, revela que a escolha foi feita inspirada nos monitores, porque eles o ajudaram a pensar no futuro. “Sempre me deram abertura para conversar, me ajudaram a fazer planos. Com certeza saí mudado, com mais disciplina, força de vontade e clareza do que queria fazer”.
As conquistas obtidas pelas duas instituições de ensino e alunos que participam do PRF nas Escolas demonstra que a preocupação da Polícia Rodoviária Federal vai muito além da Segurança Pública.