Notícias
MPI cumpre agenda de escuta junto aos Avá Guarani no oeste do Paraná
- Foto: ASCOM
Com participação do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) e da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ONDH), uma agenda interministerial foi realizada na região oeste do Paraná, entre segunda e sexta-feira (9 a 13), no âmbito da Sala de Situação para Acompanhamento de Conflitos Fundiários Indígenas. A ação itinerante teve como propósito ouvir as demandas e as condições de vida das comunidades indígenas Avá-Guarani da Terra Indígena (TI) Tekoha Guasu Guavirá para identificar suas necessidades e desafios em um contexto de contínua luta pela terra e pela preservação de sua cultura.
Na segunda, foi realizada reunião de alinhamento e de qualificação inicial de informações junto à equipe da Coordenação Técnica Local (CTL) da Funai e parceiros de Guaíra. Na terça e na quarta, processos de escuta foram cumpridos em retomadas na Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirá. Já na quinta ocorreram reuniões de interlocução institucional sobre o contexto de conflito na Prefeitura e na Câmara de Vereadores de Guaíra.
“A ideia foi fazer uma escuta qualificada nas comunidades indígenas sobre violação de direitos e ao mesmo tempo fazer uma interlocução com os atores locais. A presença de uma representação do Estado na região é importante para inibir ataques contra os Avá Guarani, principalmente no período de fim do ano”, disse Maite Alves, coordenadora-geral de Acompanhamento de Conflitos do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas (DEMED).
A escuta foi feita com o intuito de compreender as condições atuais de vida e o fortalecimento das ações em prol dos direitos humanos, em especial à terra e à cultura, como elementos fundamentais para a sobrevivência física e cultural dos povos indígenas da região. A ação interministerial e a Ouvidoria Itinerante proporcionaram um espaço de diálogo, permitindo que as comunidades pudessem expressar suas necessidades, buscando estratégias para enfrentar as dificuldades e garantir a continuidade de suas tradições e modos de vida.
Histórico
Os Avá-Guarani, que habitam a região Oeste do Paraná, são parte de um povo maior que ocupa um vasto território transnacional, abrangendo partes do Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. A presença na região remonta a séculos de história, marcada por processos de resistência, enfrentamento e reconstrução de sua identidade étnica e territorial.
A ocupação do território, a luta pela preservação de suas terras e a adaptação às adversidades impostas pela colonização e pelos projetos de desenvolvimento, como a construção da usina hidrelétrica de Itaipu, continuam a ser desafios centrais.
A atividade realizada nos municípios de Guaíra e Terra Roxa revelou a complexidade e a intensidade do conflito entre os povos Ava Guarani e a população não indígena da região. A luta histórica dos Ava Guarani por suas terras ancestrais é marcada por um longo processo de resistência contra a perda de território, que se intensificou nas últimas décadas.
Os desafios enfrentados pelos indígenas estão imbricados em uma rede de questões legais, políticas e sociais que afetam diretamente suas condições de vida e sobrevivência. No entanto, também é fundamental reconhecer as preocupações expressas pelos poderes públicos locais e pela população não indígena.
“É importante ressaltar que os Ava Guarani se encontram em uma posição de extrema vulnerabilidade. Historicamente marginalizados e sem os mesmos recursos e apoios que os setores não indígenas, os indígenas são a parte mais fraca nesse embate, dependendo da atuação efetiva das autoridades para garantir sua segurança e a preservação de seus direitos territoriais. Os ataques sofridos, que já resultaram em feridos, e as ameaças que pairam sobre as aldeias, demonstram que a ausência de uma proteção adequada os coloca em risco constante”, afirmou Fabrízio Morelo, coordenador da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos do MDHC.