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Feira Indígena promove visibilidade e fomento à cultura e economia dos povos brasileiros no G20 Social
Tukuna Mehinako, do Território Indígena do Xingu, é um dos 30 expositores presentes na feira. - Foto: Lucas Landau
A partir desta quinta-feira, dia 15 de novembro, cores, cantos e sabores da cultura indígena brasileira demarcam território na programação do G20 Social. Durante os três dias do evento – que antecede a reunião da cúpula do G20, na próxima semana – a cultura e a economia dos povos indígenas estão na vitrine. Organizada pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI), a Feira Indígena do G20 Social reúne artesãos e produtores indígenas representantes de diferentes povos, das cinco do país.
“Os povos indígenas merecem protagonismo em todos os principais itens da pauta do G20 Social. O conhecimento indígena tem muito a contribuir para o combate à fome, à desigualdade, à pobreza, para a sustentabilidade e o enfrentamento das mudanças climáticas. Por isso, houve um grande empenho do Ministério em garantir a participação dos indígenas neste evento”, disse o secretário-executivo do MPI, Eloy Terena.
A Feira Indígena conta com 30 expositores reunidos no trecho do Boulevard Olímpico em frente ao painel Etnias, do artista Eduardo Kobra – o maior grafite do mundo, com 2,6 mil metros quadrados. Decoradas com plantas, as barracas apresentam uma mostra variada de produtos, como tapeçarias, óleos naturais, cestos, enfeites, biojoias, instrumentos musicais, entre outros.
“A nossa intenção foi contemplar a diversidade da produção dos povos indígenas brasileiros”, comentou Karkaju Pataxó, coordenador-geral de Promoção a Políticas Culturais da Secretaria de Articulação e Promoção dos Direitos Indígenas (Seart) do MPI.
Em meio a tapeçarias feitas com palha de buriti, Tukuna Mehinako conta que viajou por três dias para esta primeira visita ao Rio de Janeiro. Natural da aldeia central do Alto Xingu (MT), Uyaipyuku, ele fez o percurso de moto, ônibus e avião para chegar ao G20 Social. “Já estive em outras feiras, mas nunca num evento deste porte com tanta repercussão global”, diz.
Em outra barraca, Mawapey Huni Kuin veio ao evento representando a Associação das Mulheres Indígenas Kaxinawa, da Terra Indígena de Tarauacá, localizada nas cabeceiras do Rio Jordão, no Acre. “Somos a maior população indígena do estado e criamos a Associação para capacitar as mulheres”. O produto principal é a tecelagem, diz ela.
Mawapey conta que já representou os Huni Kuin em diferentes espaços, como em Nova York na exposição Mulher Artesã Brasileira, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2013. “Além da visibilidade, também há um retorno significativo em renda. O apoio do Ministério favorece muito o escoamento da nossa produção no Brasil e no exterior”.
O povo Pataxó, por sua vez, trouxe para a Feira Indígena seu tradicional artesanato feito com sementes e maracás de todos os tamanhos e sonoridades. Kmini Pataxó, da Aldeia Mãe Barra Velha, na Bahia, também representa uma associação de mulheres, conhecidas como as Mães Guerreiras da Associação Imamakã Xohã.
Ela conta que produzem óleos essenciais, pomadas medicinais, sabonetes artesanais, geleias, entre outros itens a partir de plantas e frutos florestais. E destaca que as participações em eventos contribuem muito para a difusão da cultura e do trabalho da associação, além do sustento das aldeias. A seu lado, Daniel Pataxó enaltece especificamente a atuação do MPI: “já estivemos em muitos eventos, mas quando imaginamos participar de um G20?”.
A Feira Indígena continua até este sábado, 16. Além da Feira, o MPI também tem um pavilhão próprio no evento. O Pavilhão Futuro Ancestral apresenta uma experiência imersiva e sensorial, dividida em três fases, que expõem o papel dos territórios indígenas para o equilíbrio climático global e para a conservação da biodiversidade.
Nesta sexta-feira, a partir das 16h, o MPI também realiza a mesa de debate “Aldeando a governança global: protagonismo indígena e o futuro das decisões climáticas”. A mesa, que também é aberta ao público, será na sala 25 do espaço Kobra e reunirá representantes de diferentes ministérios e do movimento indígena para discutir estratégias de fomento à participação indígena em espaços de negociação da agenda climática global.