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Brasil lança 18º ODS pelo fim do racismo estrutural e da discriminação étnico-racial
O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) participou, nesta sexta-feira (15/11), do lançamento do 18º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) durante o G20 Social. A meta é promover, de forma efetiva, a Igualdade Étnico-Racial. O ODS 18 está no contexto da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem oficialmente 17 objetivos.
O G20 Social, iniciativa brasileira inédita que reúne diferentes setores da sociedade civil, é realizado desde quinta-feira, dia 14 de novembro, no Rio de Janeiro (RJ). Presente no lançamento do 18º ODS, no Museu do Amanhã, na Zona Portuária do Rio, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, afirmou que o Brasil, como país originariamente indígena, precisa lembrar que a história de cada brasileiro começa pelos povos indígenas. “Aquele que não conhece a história do Brasil, que não reconhece os povos indígenas como originários, não conhece a sua própria história. Trazemos toda essa relação que os povos indígenas têm com o meio ambiente, com a natureza e com a biodiversidade, que são temas globais e urgentes. Somos 5% da população mundial e protegemos 82% da biodiversidade viva no planeta”, destacou Guajajara.
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A ministra apontou ainda que o enfrentamento ao racismo estrutural vivido pelos indígenas e pela população negra perpassa por muitos temas, entre eles, o meio ambiente. Para ela, o novo ODS será um instrumento importante para estruturar o enfrentamento ao preconceito. “Não há desenvolvimento sustentável sem o enfrentamento ao racismo estrutural que existe no Brasil e no mundo inteiro. Precisamos combater fortemente o preconceito, o desmatamento, as invasões ilegais, a extração ilegal de madeira, o garimpo ilegal nos territórios indígenas e as queimadas”, defendeu.
No evento, onde também foi lançada a cartilha “Agenda 2030 e os ODS ao seu alcance”, foi ressaltada a necessidade de representatividade na gestão pública e no setor privado do país, conjunta à mudança estrutural da para que os resultados sejam efetivos. Também foi exposta a necessidade de implantação de garantias e políticas públicas globais que assegurem aos povos e comunidades indígenas e afrodescendentes condições dignas e equiparadas de acesso e oportunidades.
A importância de proteger o meio ambiente e a sustentabilidade do planeta, mitigando as consequências das mudanças climáticas também teve destaque nos debates. Além disso, discutiu-se a ampliação de agentes não governamentais nos processos decisórios, reverberando as reivindicações da população.
Para Valdir Veramirim, de 23 anos, que veio para o G20 Social da aldeia Guaraniimbuá, da Terra Indígena Jaraguá (SP), o ODS 18 abrirá muitas portas, não só para os povos indígenas, como também para toda a sociedade. “É muito importante o desenvolvimento sustentável. Combater o racismo e a intolerância vai permitir ampliar o cuidado com os povos e o planeta”, pontuou.
O lançamento também contou com a presença da primeira-dama, Rosangela Lula da Silva (Janja); as ministras dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, da Igualdade Racial, Anielle Franco, e da Gestão e da Inovação, Esther Dweck; da secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Fernanda Machiaveli; do secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João Paulo Capobianco, do diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Enio Verri, além da assessora especial da África do Sul, Nokukhanya Jele, entre outras autoridades e representantes de comunidades quilombolas e indígenas.
G20 Social também é território indígena
De acordo com a ministra Sonia Guajajara, o G20 Social e o lançamento do ODS 18 representam uma importante oportunidade para atuação e acolhida das vozes e demandas indígenas.
“O Ministério dos Povos Indígenas participou do G20 Social com um pavilhão próprio, com a organização da feira, com uma mostra da produção indígena, com produtos agrícolas de alimentação, e da arte indígena, com artesanatos de povos de diferentes biomas e regiões do país. É uma oportunidade para que mostrem o que produzem, o que amplia sua autonomia econômica e o que compõe suas culturas e identidades. As pessoas puderam visitar, conhecer, comprar e apoiar os povos indígenas”, pontuou.