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Sonia Guajajara defende mais comprometimento com redução do aquecimento global na Semana do Clima
- Foto: Ascom I MPI
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, participou da cerimônia de abertura da Semana do Clima, nesse domingo (22), em Nova York (EUA). A edição de 2024 do evento convoca os envolvidos a agirem diante da crise climática. Em seu discurso, Guajajara defendeu mais comprometimento com a redução do aquecimento global e com a justiça climática, além de destacar o impacto dos incêndios e a degradação ambiental criminosa na natureza e na população indígena e não indígena do Brasil e do mundo.
Junto a diversas autoridades, a ministra compôs o terceiro painel do primeiro dia da Semana do Clima, cujo propósito era tratar de questões sobre como encontrar um caminho através de compensações; como manter o público engajado para a transição verde e o que é necessário para convocar a vontade coletiva da comunidade climática e assim garantir que os problemas ocasionados pelas mudanças climáticas sejam superados de forma justa e equitativa.
Sonia Guajajara iniciou sua fala chamando a atenção dos presentes para os parâmetros do Acordo de Paris da Organização das Nações Unidas (ONU), celebrado durante a 21ª Conferência das Partes (COP21), em 2015. Ele prevê esforços dos 195 países signatários para manter o aumento de temperatura da Terra em até 1,5ºC em comparação a níveis pré-industriais.
“Os fenômenos climáticos que eram esperados para daqui a dez anos já estão acontecendo hoje. O que a natureza está nos falando, pelo menos desde o ano passado, com o crescimento dos eventos extremos, é que, talvez, 1,5º já esteja defasado”, disse. Para ela, ainda há muitos setores que não estão dispostos a mudar e pretendem seguir lucrando com o aumento das desigualdades, dos desastres e da destruição do planeta.
Transição justa
A ministra também citou os incêndios que têm atingido todos os biomas brasileiros. “Uma parte disto é reação da natureza, mas a maior parte é ação criminosa dos setores que não querem ver o Brasil do presidente Lula assumindo seu papel de protagonismo no enfrentamento à emergência climática”, reforçou Guajajara.
Perpetrada por alguns setores por meio do abuso dos agrotóxicos que interferem na dinâmica das comunidades, da destruição do ciclo da água dos rios e da mineração desenfreada, entre outros fatores, a deterioração do meio ambiente em aspectos globais está diretamente ligada à ação humana. “Os problemas não estão só no Brasil; estão em todos os países desenvolvidos que ainda se recusam a reduzir, de forma mais drástica, o uso de combustíveis fósseis e a alcançar patamares razoáveis dos compromissos financeiros assumidos; e não reconhecem a repartição de benefícios aos conhecimentos tradicionais, mantendo nossos conhecimentos alvo de expropriação histórica”, complementou a ministra.
Sonia Guajajara finalizou seu discurso defendendo uma transição climática justa, com enfrentamento de desigualdades e promoção de inclusão para impedir que a ação de negacionistas siga mobilizando pessoas para aumentar a segregação e o ódio através de mentiras. “É por meio da justiça climática que os povos indígenas podem ser tratados como autoridades climáticas, como agentes cruciais para que as soluções sejam encontradas e implementadas”, concluiu.
Espaço de diálogo
A Semana do Clima é um evento anual, e a edição de 2024 traz mais de 600 atividades a serem realizadas em pontos diversos da cidade de Nova York. A cada ano, governos, empresários, tomadores de decisão, representantes da sociedade civil e lideranças se reúnem para tratar de aspectos de transição climática justa, aceleração de progressos e impulsionamento de mudanças positivas que já estão em curso.
Com o intuito de participar de diversos eventos e encontros para levar e promover temas de interesse dos povos indígenas em espaços de diálogo com expoentes da temática ambiental e climática, Sonia Guajajara tem como propósito conseguir apoio para as pautas nacionais, além de defender a importância dos povos indígenas na preservação do meio ambiente e no combate às mudanças climáticas.
A ministra também estará presente no discurso do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva na 79ª Cúpula da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (AGNU), que será realizada nesta terça-feira (24), em Nova York.