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Autoridades do MPI participam da abertura do 11º Encontro Nacional de Estudantes Indígenas
Com o tema “20 Anos Demarcando a Universidade”, autoridades do Ministério dos Povos Indígenas (MPI) participaram da abertura do 11º Encontro Nacional de Estudantes Indígenas (ENEI), na segunda-feira (16), na Universidade de Brasília (UnB). Com a presença de mais de mil estudantes universitários de instituições federais, estaduais e privadas, que representam cerca de cem povos indígenas de todos os estados brasileiros, o evento segue até quinta-feira (19).
O 11º ENEI terá como eixo principal os mais de 10 anos da Lei de Cotas e a permanência dos estudantes indígenas nas universidades. Apesar dos avanços, a presença de indígenas em instituições de ensino superior ainda encontra barreiras, como a falta de acolhimento adequado e o respeito aos saberes indígenas e ciências indígenas. Atualmente, a UnB tem 273 estudantes indígenas matriculados regularmente em diversos cursos de graduação e pós-graduação, sendo 231 estudantes da graduação, 21 no mestrado e 21 no doutorado.
“Ninguém nunca chegou até nós e nos ofereceu algo porque é bonzinho. Tudo foi conquistado. Esse momento que estão vivendo hoje como estudantes é um dos mais ricos da trajetória de vocês porque, além de decidirem que tipo de profissionais querem ser, devem refletir sobre o retorno que precisam dar para suas comunidades. O sentido de tudo isso é pensar o coletivo e pensar como fortalecer nossos territórios e modos de vida”, declarou a ministra Sonia Guajajara para os estudantes.
O encontro irá destacar conquistas, como a transformação das reivindicações dos estudantes indígenas em políticas públicas e o retorno de egressos aos seus territórios, além de discutir o apoio à inserção profissional como forma de garantir uma presença indígena efetiva de qualidade e transformadora no ambiente universitário.
Programação
O evento conta com uma programação de mesas de debates e atividades culturais. Entre os temas abordados nas discussões estão a importância das ações afirmativas no ensino superior, a saúde indígena nos territórios e a contribuição das pesquisas indígenas para a gestão ambiental. “Fico muito feliz com todos vocês, que estão dando continuidade e estão preservando a memória daqueles que vieram antes de nós, daqueles que deram o pontapé inicial do que está acontecendo aqui”, enalteceu o secretário executivo do MPI, Eloy Terena.
Uma marcha simbólica será feita, na quarta-feira (17), a partir das 8h30, com o tema "Pisando firme na qualidade da permanência", que seguirá até a Esplanada dos Ministérios, enfatizando a luta pela descolonização dos espaços acadêmicos. Haverá uma audiência pública no Congresso Nacional, às 10h, para discutir o impacto da presença indígena na academia ao longo das últimas duas décadas.
“Acho muito oportuno o tema do encontro porque muitas universidades não estão preparadas para receber os indígenas. É preciso que a gente dê essa lição de aprendizagem conjunta. O indígena vem para a universidade e aprende e a universidade também aprende com os indígenas”, disse a secretária nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena do MPI, Ceiça Pitaguary, que parabenizou a organização do evento.
A 11ª edição do ENEI também promoverá apresentações de trabalhos científicos, premiando o melhor artigo que levará nome do médico indigena “Ornaldo Sena” e oficinas temáticas, abordando temas como saúde mental, racismo nas universidades, direitos das mulheres indígenas e da comunidade LGBTQIAPN+, além de conexões entre as mídias digitais e o movimento estudantil indígena.
As noites culturais trarão apresentações de grupos indígenas com danças e bandas musicais, enquanto os Jogos Universitários Indígenas terão competições de futsal, vôlei, corrida e arco e flecha, celebrando a diversidade e a força das tradições indígenas.
Processo educativo e inclusivo
De acordo com a organização do evento, o 11º ENEI representa uma oportunidade para ampliar as discussões sobre a inserção e permanência de estudantes indígenas no ensino superior. O propósito é buscar formas de diálogo entre estudantes indígenas, pesquisadores, membros de comunidades e estudantes não indígenas para construir um processo educativo e inclusivo.
"Aproveitem esse momento porque vocês terão a oportunidade de estar com referências e autoridades nos temas do evento. É hora de levar bagagem acadêmica para casa e pensar no retorno para nossas comunidades. Temos que estar conectados à luta dos povos indígenas", ponderou Marcos Kaingang, secretário nacional de Direitos Territoriais Indígenas do MPI.
O ENEI promove um espaço para avaliar e refletir sobre os 20 anos de inserção de indígenas nas universidades, o pensamento estratégico das lideranças do movimento de inserir seus filhos nas universidades e as demandas discutidas durante os 10 Encontros Nacionais realizados em diversos estados e universidades.
“A principal e central reivindicação do movimento indígena estudantil é tornar o Programa de Bolsa Permanência, do Ministério da Educação, uma política pública de Estado, pois trouxe e vai garantir a potencialidade da escrita dos povos indígenas nas universidades, sendo uma presença transformadora que se deve ter um olhar mais atento e diferenciado, gerando o fortalecimento entre gerações de profissionais indígenas de diferentes formações em diversas áreas das ciências”, afirma a organização do ENEI.