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Sonia Guajajara é premiada por reconhecimento a sua dedicação aos povos indígenas
- Foto: Mré Gavião | Ascom MPI
Ao ser laureada na quinta-feira (11) com o Prêmio Liberdade de Carências (Freedom from Want), nos Países Baixos, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, disse em seu discurso proferido à realeza holandesa e ao público presente que a menção honrosa se destina a todo o movimento indígena brasileiro, que comemora marcos importantes, como a criação do próprio Ministério, mas “ainda recebe inúmeros ataques e sofre graves derrotas”.
“Enquanto vemos um genocídio ocorrendo na Palestina, também há pessoas no Brasil sofrendo ataques como este. Defender o povo Yanomami é uma prioridade do presidente Lula. Mas é uma guerra longa e forte”, disse Sonia Guajajara. Ela reforçou o próprio compromisso de enfrentamento ao garimpo e desmatamento ilegal que destroem o meio ambiente, mas cobrou parcerias e colaborações do exterior para superar os desafios.
“A luta do Ministério e dos povos indígenas é uma luta que une a defesa dos direitos humanos com a luta do meio ambiente. É uma luta ancestral que busca reconhecer os territórios e saberes ancestrais, para que a biodiversidade possa ser preservada e um modelo justo e saudável para que o mundo possa ser promovido. Uma luta que procura colocar a justiça climática no centro do debate”, concluiu a ministra, ao entregar a mensagem da missão internacional que iniciou no dia 6 de abril.
Em sua agenda internacional, cuja primeira etapa passou pelas universidades de Harvard/MIT, nos EUA, e Oxford, na Inglaterra, Sonia Guajajara vem difundindo que as ações de mitigação e adaptação à mudança do clima devem reduzir desigualdades sociais estruturais e históricas no lugar de piorar a vulnerabilidade de populações específicas no caminho, como as tradicionais e as indígenas, além de realizar reuniões bilaterais com líderes globais para efetuar políticas de proteção ambiental e de direitos humanos.
Ministra é a segunda personalidade brasileira a receber o prêmio
O prêmio recebido pela ministra faz parte de um evento chamado Prêmio Quatro Liberdades, que reúne um conjunto de menções. As liberdades celebradas no evento são a de Expressão e a Religiosa, assim como a libertação do Medo e das Necessidades Básicas ou Carências.
A cerimônia foi criada em 1982 pela Fundação Franklin Delano Roosevelt para entregar o Prêmio em anos pares, na cidade de Midelburgo, nos Países Baixos. A intenção do projeto é estimular os ideais de Eleanor e Franklin Delano Roosevelt, o 32º presidente dos EUA.
O Freedom from Want Awards, traduzido como Prêmio Libertação de Carências pela defesa de elementos básicos necessários à vida, como comida, água, moradia e saúde, foi entregue à ministra pela trajetória de vida dedicada ao ativismo indígena e, à frente do MPI, seguir lutando pelo reconhecimento e proteção das Terras Indígenas, bem como pelo fim do desmatamento e expropriação de povos indígenas de seus locais de origem.
A organização do Prêmio já contemplou nomes como Nelson Mandela e John F. Kennedy e agora Sonia Guajajara, por ser a primeira mulher indígena a concorrer como vice-presidenta nas últimas eleições nacionais e pelo esforço em convergir política ambiental e mudança climática com os direitos dos povos indígenas. Além da ministra Sonia Guajajara, o único brasileiro homenageado até então é o Presidente Lula, que recebeu a premiação em 2012.
Os demais premiados foram: o site de jornalismo investigativo independente Bellingcat, na categoria Liberdade de Expressão; Grace Forrest, diretora-fundadora da Walk Free, grupo internacional com enfoque em direitos humanos pela erradicação da escravidão moderna, recebeu o Prêmio Libertação do Medo; e Zumretay Arkin, presidente do Comitê das Mulheres do Congresso Mundial dos Uigures, povo de origem turcomena que vive principalmente na Ásia Central, ganhou o Prêmio Liberdade Religiosa.
De ativista para ativista
A ativista climática da Indonésia, Melati Wijsen, fez um breve discurso para anunciar a premiação à ministra, no qual a classificou como uma guerreira, uma protetora e um modelo a ser seguido. Melati disse que o problema ambiental não será resolvido com a mesma mentalidade que o criou e a visão e o foco de lideranças como Sonia Guajajara são um exemplo de voz proeminente ao lidar com a preservação das terras, florestas, comunidades indígenas e sustentabilidade.
“Sonia, sua carreira política e agora seu papel como a primeira ministra dos Povos Indígenas do Brasil mostra que não só seu trabalho é inspirador, mas necessário. O conhecimento ancestral de povos e comunidades indígenas é crucial para cessar o avanço das mudanças climáticas. [Seu trabalho] Mostra o quão conectado estão os desafios do nosso mundo, a ligação entre as Quatro Liberdades e, é claro, a força e a mensagem da colaboração intergeracional”, definiu a ativista.