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MPI inicia distribuição de nova leva de cestas básicas aos Yanomami a partir do dia 15
- Foto: Lohana Chaves | Funai
Uma vez encerrada a operação de distribuição de cestas básicas pelo Exército, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) se responsabilizou pela contratação de uma empresa privada para seguir com o trabalho. Após um processo de contratação feito por disputa eletrônica através do Aviso de Contração nº 9002/2024, a nova etapa de entrega de alimentos começa na segunda-feira (15) para atender o território Yanomami com quase 9 mil cestas por mês.
O contrato terá vigência de um ano para viabilizar a distribuição de alimentos na Terra Indígena (TI), localizada na divisa com a Venezuela, entre os estados do Amazonas e Roraima. A assinatura ocorreu no dia 18 de março, na Casa de Governo, em Boa Vista (RR), com presença da presidenta da FUNAI, Joenia Wapichana e do secretário nacional de Direitos Territoriais, Marcos Kaingang.
Ao todo, ao longo do ano, serão utilizadas cerca de vinte mil horas de voo divididas em várias aeronaves para a entrega das cestas na TI, que ocupa uma área de 9,5 milhões de hectares e abriga mais de 30 mil indígenas em 384 aldeias dos povos Yanomami e Ye’Kwana. Em grande parte das comunidades o acesso só é possível por via aérea ou fluvial.
Organizada pela Associação Urihi na quarta-feira (10), o MPI participou da programação da II Assembleia Geral dos Povos Yanomami para realizar escutas de propostas das comunidades atingidas pelo garimpo ilegal e demais problemas que agravaram a crise na Terra Indígena.
O MPI, representado pelo secretário Marcos Kaingang, aproveitou a ocasião para apresentar um balanço de ações da pasta, realizadas durante o ano passado e no primeiro trimestre de 2024, para sanar a emergência nutricional, sanitária e de violação de direitos humanos que acomete o local. O encontro reuniu mais de 300 indígenas.
“Visitamos os pelotões de fronteira do exército que servem de base para o armazenamento de cestas de alimentos, que serão entregues por uma empresa civil contratada pelo MPI. Fomos fazer a vistoria e verificar os locais e as estruturas junto com a empresa. Também fizemos um diálogo com os pelotões de fronteira do exército que estão implementando as plotadoras de abastecimento e as demais movimentações para começar a rodar o contrato”, avaliou Kaingang.
O secretário acrescentou que um teste de percurso foi feito para entender como serão feitas as operações de entrega das cestas de alimentos pelo helicóptero da empresa contratada. Além disso, MPI, Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) trabalham na composição das cestas de modo específico para a dieta de cada povo e população atendida. O objetivo é entregá-las nesse formato a partir do segundo semestre.
“Os Yanomami relatam que a realidade está muito melhor, se comparada ao passado, mas que precisam de outros itens além de seus alimentos hoje. Eles precisam de ferramentas e sementes para fazer suas roças. Querem autonomia”, adicionou o secretário.
Estatueta OMAMA
O MPI recebeu a estatueta Omama durante a Assembleia, que também foi entregue a representantes da Funai. Símbolo de resistência e luta, o artefato reconhece o trabalho feito até aqui e representa um pedido para que os órgãos do governo sigam no enfrentamento ao garimpo ilegal junto com os Yanomami. Omama é uma entidade guerreira que criou o povo indígena e sua similaridade com a estátua do Oscar é um lembrete de que o ouro pode ter sido extraído de forma ilegal do território Yanomami. Feita de barro, a estátua é entregue aos que lutam pela defesa dos direitos dos Yanomami.