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Em Roma, Sonia Guajajara assina adesão do Brasil à Coalizão dos Sistemas Alimentares Indígenas da FAO
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, assinou, nesta quinta-feira (14/03), a adesão do Brasil à Coalizão dos Sistemas Alimentares Indígenas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em agenda, em Roma, na Itália. Ela compareceu a um jantar de trabalho oferecido pela embaixadora Carla Carneiro, representante do Brasil na FAO, na embaixada brasileira. Além da adesão do Brasil à Coalizão dos Sistemas Alimentares Indígenas, o fomento e apoio da socio bioeconomia também foi tema do encontro.
Ao ingressar na Coalizão, a ministra expressou interesse em desenvolver linhas de trabalho conjuntas com a FAO por meio de uma carta formal endereçada ao chefe da Unidade de Povos Indígenas da FAO, Fernández de Larrinoa. No texto, ela manifesta o desejo de potencializar projetos de restauração biocêntrica em andamento nos ecossistemas da Bacia Amazônica e no bioma da caatinga. Sonia Guajajara também elencou como temas caros ao país o fortalecimento dos sistemas alimentares e de conhecimento dos povos indígenas, a alimentação escolar, o papel das mulheres indígenas e a pesca artesanal.
“São inquestionáveis as contribuições dos sistemas alimentares dos povos indígenas à segurança alimentar e à nutrição, assim como suas colaborações para tratar da crise climática e ambiental global, com benefícios exponenciais para a humanidade. O Brasil, como um dos países mais diversos do mundo, entende que a proteção e o uso sustentável dos recursos naturais são necessários para reverter a degradação ambiental e deter a mudança do clima”, afirmou a ministra na mensagem.
Um dos objetivos do Brasil ao ingressar na Coalizão da FAO é promover a socio biodiversidade como instrumento de empoderamento econômico das comunidades indígenas. A representação do Brasil vem impulsionando a discussão sobre a bioeconomia no âmbito da FAO, ressaltando o potencial transformador do modelo econômico, enfatizando a importância da valorização e proteção dos conhecimentos tradicionais e do patrimônio genético e cultural de povos indígenas e comunidades locais.
Brasil e FAO
O Brasil manifestou à FAO o pedido de facilitação de acesso a financiamento e capacitação para o desenvolvimento de cadeias de valor da bioeconomia; criação de oportunidades para troca de experiências sobre inovações em sistemas produtivos que agreguem valor a produtos florestais que incluam a participação de povos indígenas e comunidades locais; avaliação do potencial da bioeconomia em termos de ganhos para o setor florestal, incluindo micro, pequenas e médias empresas, além de produtores comunitários.
A expectativa do Brasil é que a FAO apoie a adaptação dos sistemas agroalimentares aos impactos da mudança do clima, que afetam desproporcionalmente os modos de produção e a segurança alimentar de povos indígenas e demais populações tradicionais. Outro aspecto defendido pelo Brasil é a promoção da justiça climática com esforços voltados à erradicação da pobreza, tendo como objetivo uma economia de baixo carbono.
Em Roma, o Brasil aproveitou a ocasião para agradecer pelo apoio e envolvimento ativo da FAO nos trabalhos da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, desde a sua concepção, bem como pela elaboração de relatórios que têm orientado os trabalhos da força-tarefa. A Aliança é uma iniciativa criada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que passou a ser divulgado na presidência do Brasil no G20, assumida em dezembro de 2023.
Fundo de Desenvolvimento Agrícola
O Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida) e o Programa Mundial de Alimentos, maior agência da ONU de combate à fome, também participaram do evento de assinatura da Coalizão. Os povos indígenas são um dos grupos prioritários para engajamento do Fundo, ao lado de pequenos agriculturas e outras comunidades tradicionais. Desde 1980, o Fundo apoiou 13 projetos no Brasil, investindo um total de US$ 1,07 bilhão e beneficiando cerca de 395 mil famílias.