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Em Paris, ministra Sonia Guajajara cumpre agendas oficiais na UNESCO e se reúne com representante do governo francês
Ministra discursa durante agenda internacional na sede da UNESCO - Foto: Ascom - MPI
A ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara iniciou sua agenda internacional na sede da UNESCO em Paris nesta terça-feira (12), em uma reunião com a Diretora-Geral da UNESCO, Audrey Azoulay, onde realizaram uma reunião sobre diversas ações ligadas aos povos indígenas em comum com o MPI.
Confira aqui o discurso da ministra na sede da UNESCO
Com a grande convergência de temas, ambas selaram o compromisso de manterem um diálogo permanente entre a UNESCO em Paris, a missão da UNESCO no Brasil e o MPI, a fim de avançar em questões relacionadas ao bem viver dos povos indígenas. Durante a conversa, foram abordados, entre outros temas, o fortalecimento da Década Internacional das Línguas Indígenas e a importância de preservarmos essa cultura, a presidência do Brasil no G20, a restituição e combate ao tráfico ilegal de peças indígenas ao Brasil, além da urgência de reconhecermos mundialmente o modo de vida indígena como patrimônio material e imaterial da humanidade. Políticas de total interesse e prioridade do Ministério dos Povos Indígenas, que, como resultado da reunião, ganham agora relevância internacional e contam com um maior apoio e colaboração da UNESCO.
Na quarta-feira (13), a ministra se reuniu com o Diretor-Geral Adjunto de Cultura da UNESCO, Ernesto Ottone, e, sem seguida, com o Diretor-Geral Adjunto de C&I da UNESCO, Tawfik Jelassi. Nas reuniões foram tratados temas como a criação de projetos para fortalecer a perspectiva dos povos indígenas na política cultural e linguística da UNESCO, a importância da Década Internacional das Línguas Indígenas no Brasil. Também conversou-se sobre a necessidade de aumentar a inserção de artes, modos de vidas e territórios sagrados indígenas como patrimônio mundial e avançar em políticas de restituição de bens indígenas e fortalecer a luta contra o tráfico ilegal de peças.
Exposição “Nhe’e˜ Porã: Memória e Transformação”
Como último compromisso de sua agenda oficial na França, ainda na quarta-feira (13), a ministra participou como convidada de honra da inauguração da exposição “Nhe’e Porã: memória e transformação”, na sede da UNESCO em Paris. A exposição, que tem como foco a diversidade das línguas e das histórias de resistência dos povos indígenas no Brasil, é um marco do lançamento da Década Internacional das Línguas Indígenas no Brasil (2022–2032).
“Nhe’e Porã”, de curadoria da artista indígena Daiara Tukano, e apoio do Museu da Língua Portuguesa, reúne de forma inédita mais de 90 registros sonoros indígenas graças à colaboração de centros de pesquisa e documentação, como o Museu dos Povos Indígenas e o Museu Paraense Emílio Goeldi, de pesquisadores e falantes nativos – elementos centrais para o contato com a riqueza linguística indígena que possibilitam uma imersão na diversidade das línguas indígenas e nas lutas que os povos vêm protagonizando há séculos.
Com foco nos avanços da arte indígena no mundo, a ministra aproveitou a ocasião para destacar discussões sobre vários temas pertinentes ao universo indígena brasileiro no que diz respeito à cultura, patrimônio, educação e as línguas que povoam o território nacional.
"Expandir a cultura indígena brasileira no mundo é uma forma de expressar os artistas e as artistas indígenas, que são expressões das comunidades atuais e de lutas históricas. A exposição de Daiara também mostra isto. Os povos indígenas expressam nas suas línguas, sua cultura e sua história. Agradeço ao Museu da Língua Portuguesa por ser um importante parceiro nesta iniciativa. Espero que esta iniciativa brasileira também inspire outros países a valorizar e dar protagonismo aos povos indígenas", celebrou a ministra.
A realização desta exposição e a visita da ministra Sonia Guajajara à UNESCO fortalecem o projeto de resolução que está sendo apresentado pela delegação do Brasil na UNESCO, com o objetivo de fortalecer a discussão sobre questões indígenas dentro da agenda da UNESCO.
"A parceria com a Unesco nos permite consolidar direitos para além das fronteiras nacionais, direitos que servem de referência para os povos indígenas para além das intenções de cada governo. Termino estes dois dias acompanhando essa incrível exposição. Primeira de muitas, pois saio com a certeza de que faremos novas parcerias. De que o Brasil pode ser mais protagonista e de que a Unesco é um espaço fundamental para se avançar em políticas que, como diz a nossa exposição, ao fazerem a Memória das Línguas e das Culturas, faz um chamado para novas realidades e concepções de mundo", concluiu Sonia Guajajara.
No dia 14, a equipe técnica composta pela diretora Joziléia Kaingang e a Coordenadora-Geral Altaci Kokama participaram de reuniões bilaterais com representantes do Peru, México, Colômbia e Paraguai, a fim de estreitar ainda mais as relações sobre a pauta indígena no âmbito da UNESCO a nível latino americano.
Reunião com governo francês
Além das agendas na UNESCO, Sonia Guajajara se reuniu na manhã da quarta-feira (13) com a . O encontro representa um trabalho conjunto do Governo do Brasil, do MPI e do Ministério das Relações Exteriores brasileiro, por ações com foco na preservação do meio ambiente e garantia de direitos aos povos indígenas.
Entre as pautas, as duas autoridades conversaram sobre a vinda do presidente Emmanuel Macron a Manaus no final do mês, onde terá um encontro com os povos indígenas brasileiros, e sobre a perspectiva de apoio às organizações indígenas, proteção à biodiversidade brasileira e aos defensores dos direitos humanos. "Nos próximos dois anos, em que teremos especialmente a COP no Brasil, trabalharemos para intensificar cada vez mais a parceria entre os dois países", afirmou a ministra Sonia Guajajara. Zacharopoulou também se comprometeu em aumentar o apoio do governo francês e da Agência Francesa de Desenvolvimento a projetos voltados aos povos indígenas.