Notícias
Reunião com Lideranças
Em Mato Grosso do Sul, Sonia Guajajara fortalece compromisso com povo Guarani Kaiowá
- Foto: Ascom | MPI
Em visita nesta sexta-feira (24) ao Mato Grosso do Sul, a ministra iniciou sua agenda com uma série de entrevistas em Campo Grande, onde foram abordadas questões cruciais relacionadas à situação do povo Guarani Kaiowá na região, como o fornecimento de água potável nos territórios, a violência contra os indígenas no estado e os desafios da demarcação de terras indígenas em áreas hoje tomadas por fazendas.
Em entrevista à uma rádio local, a ministra destacou a necessidade de abordar a questão do abastecimento de água de forma ampla, reconhecendo que a falta de água é apenas um dos desafios. Ela enfatizou a importância de políticas sociais e territoriais para garantir dignidade aos mais de 15 mil indígenas Guarani Kaiowá e Guarani Ñandeva na reserva indígena em Dourados. “Ali é um espaço muito pequeno para que as pessoas possam produzir seus próprios alimentos. Então tem que ver a questão de forma muito mais ampla, para garantir dignidade tem que pensar também a questão territorial, as políticas sociais para que eles possam viver dignamente”, disse.
Já na terra indígena Kunumi, em Caarapó, para participar da terceira etapa da Caravana Participa, Parente! na Assembleia Aty Guasu, a ministra foi recebida com um ritual de proteção e reza das anciãs e anciões do povo Guarani Kaiowá e logo após compôs o palco junto à comitiva do Ministério dos Povos Indígenas, composta pelo secretário executivo Eloy Terena, o diretor do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos, Marcos Kaingang, o diretor do Departamento de Promoção da Política Indigenista, Ary Pankara e o diretor do Departamento de Línguas e Memórias, Eliel Benites. Também estavam presentes no palco, a deputada federal, Célia Xakriabá, o secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, o coordenador do DSEI, Lindomar Terena, o cacique Simão, representando a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil - APIB, a Secretaria de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania de Mato Grosso do Sul, Viviane Luiza da Silva, o prefeito de Caarapó, André Nezzi e o coordenador-geral da Ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos, Vinicius Ribas.
Em seguida, iniciou-se a plenária conduzida por Daniel Lemes Vasquez, eleito representante titular do povo Guarani Kaiowá para o CPNI, que permitiu que as lideranças indígenas expressassem suas demandas, destacando casos frequentes de violência contra os Guarani Kaiowá. A ministra, ao falar, ressaltou a importância da Caravana Participa, Parente! na eleição de representantes para o Conselho Nacional de Política Indigenista e compartilhou sua própria jornada, destacando que foi sua luta pela terra que a transformou em uma liderança indígena e, agora, ministra. “Foi minha luta pela terra que me tornou uma liderança indígena. Por isso, quero dizer que vocês tenham em mim, enquanto mulher, indígena e parenta, a confiança que seguirei fazendo essa luta, dentro desse recém-criado ministério, continuarei lutando pela demarcação de nossos territórios”, declarou.
Ainda falando sobre o Conselho Nacional de Política Indigenista, a ministra ressaltou que este é um importante foro de participação popular que foi retomado este ano e trata-se de um colegiado de caráter consultivo e paritário, responsável pela elaboração e pelo acompanhamento da implementação de políticas públicas destinadas aos povos indígenas. E que o MPI organizou, em conjunto com a APIB, a Caravana Participa, Parente! para eleger todos os representantes este ano ainda e já realizar a primeira reunião no início do ano que vem.
Em sua fala, Sonia Guajajara falou também sobre o Gabinete de Crise Guarani Kaiowá, instituído em setembro, e abordou temas como segurança pública, demarcação de territórios e acesso à água. Ela reconheceu os problemas estruturais enfrentados pelos povos indígenas há mais de cinco séculos e reiterou seu compromisso em buscar resolver as necessidades mais urgentes. Ao concluir, a ministra pediu compreensão para enfrentar os desafios, assegurando que o Ministério dos Povos Indígenas está acompanhando de perto os casos e trabalhando para resolver os problemas enfrentados pelos povos indígenas. “Eu reconheço e acolho cada um dos depoimentos que foram dados aqui. Hoje, estamos aqui como resultado da luta do movimento indígena e vocês sabem que não é fácil estar nesse lugar. Estamos enfrentando problemas estruturais, por isso, peço compreensão para resolvermos juntos esses problemas, pois estamos acompanhando os casos, cuidando e fazendo articulações para que os problemas dos povos indígenas sejam resolvidos”, concluiu a ministra.