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Meio Ambiente
Territórios Indígenas são os mais preservados do país
Em mais uma constatação de que os povos indígenas são atores fundamentais para a proteção do meio ambiente e para o equilíbrio climático do planeta, um levantamento do MapBiomas mostrou que as terras indígenas perderam menos de 1% de sua área de vegetação nativa nos últimos 38 anos., enquanto nas áreas privadas, a devastação foi de 17%.
O MapBiomas analisou um conjunto de dados entre 1985 e 2022 para chegar a tal constatação. Segundo o levantamento, as terras indígenas ocupam 13% do território brasileiro, contendo 112 milhões de hectares (ha), ou 19% de toda a vegetação nativa do país. Para dar um parâmetro, cada hectare equivale a um campo de futebol.
Os dados reforçam a importância da política de demarcação de territórios indígenas como fonte de preservação da biodiversidade e do equilíbrio climático. Em fala recente a líderes internacionais, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara destacou que: “se 82% da biodiversidade do planeta está sob a guarda dos povos indígenas no mundo, é urgente proteger os direitos desses povos. Se os direitos dos povos indígenas no mundo, os modos de vida, estão ameaçados, toda essa biodiversidade está ameaçada. Se essa biodiversidade está ameaçada, portanto, a humanidade inteira está em risco”.
Ainda de acordo com o MapBiomas, entre 1985 e 2022 houve uma perda de 96 milhões de hectares de vegetação nativa, uma área equivalente a 2,5 vezes a Alemanha. No período, a proporção de vegetação nativa caiu de 75% para 64%.
Essa degradação ambiental aconteceu em 25 estados brasileiros entre 1985 e 2022. Apenas São Paulo manteve estável a área de vegetação nativa e o Rio de Janeiro teve um leve aumento, de 31% em 1985 para 32% em 2022.
Os estados com maior proporção de vegetação nativa são Amapá e Amazonas, com 95%, e Roraima, com 93%. Já os estados com menor proporção de vegetação nativa são Sergipe (16%), Alagoas (20%) e São Paulo (21%).
Também foi realizada uma avaliação das áreas de vegetação secundária, ou seja, territórios que já foram convertidos para uso humano e, agora, possuem vegetação nativa regenerando. Em 2022, constatou-se mais de 44 milhões de hectares de vegetação secundária no Brasil, o que representa 9% de toda vegetação nativa do país.
Agropecuária
Segundo o MapBiomas, em todo o Brasil, a área ocupada por atividades agropecuárias passou de cerca de um quinto (22%) para um terço (33%) do Brasil. As pastagens avançaram sobre 61,4 milhões de hectares entre 1985 e 2022; a agricultura, sobre 41,9 milhões de hectares.
Na Amazônia, a área ocupada pelo agro saltou de 3% para 16%; no Pantanal, de 5% para 15%; no Pampa, de 29% para 44%; na Caatinga, de 33% para 40%. No Cerrado, as atividades agropecuárias agora ocupam metade do bioma (50%); em 1985, era um pouco mais de um terço (34%).
Os dados também mostram uma diferença de uso de solo entre agricultura e pecuária. Entre 1985 e 2022, 72,7% dos 37 milhões de hectares do crescimento da área de agricultura no Brasil se deram sobre áreas já antropizadas (convertidas para uso humano), especialmente pastagens. Apenas 27,3% das áreas convertidas para lavoura temporária são provenientes de vegetação nativa, com destaque para o Pampa, a fronteira da Amazônia com Cerrado e a região do Matopiba.
No caso da pastagem, a situação é oposta, com mais da metade (55,8%) das áreas convertidas para pasto provenientes de vegetação nativa. Foram 64 milhões de hectares de vegetação nativa convertidas para pastagens. Outros 5,4 milhões de hectares (mais do que o estado do Rio de Janeiro) foram convertidos de vegetação nativa para pastagem e depois para agricultura.
Esse avanço da agropecuária se deu prioritariamente sobre áreas de floresta. Das classes de vegetação analisadas pelo MapBiomas a formação florestal foi a que mais perdeu em área, com 58,6 milhões de hectares foram suprimidos no período. Se em 1985 as formações florestais respondiam por 68% do território nacional, em 2022 esse percentual caiu para 58%. Em seguida, vem a formação savânica, que perdeu 28,9 milhões de hectares – uma queda de 22% em relação a 1985.
O estudo detectou dois novos arcos do desmatamento que se destacam com polos de forte expansão agrícola. No oeste da Amazônia, a fronteira entre Amazonas, Rondônia e Acre, conhecida como Amacro, o uso agropecuário aumentou 10 vezes nos últimos 38 anos, chegando a 5,3 milhões de hectares, que equivalem a 21% da área do território. No nordeste do Cerrado, o Matopiba, na fronteira entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, a agropecuária aumentou em 14 milhões de hectares, chegando a 25 milhões de hectares em 2022, equivalentes à 35% do território.
Os estados com maior proporção do território ocupado com agricultura são o Paraná, com 39%, e o Rio Grande do Sul, com 36%. Já o Sergipe e Alagoas são os estados com maior proporção de pastagem no território, 62% e 52% respectivamente.
A íntegra do estudo está disponível aqui.