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Ministra faz chamamento global para a participação decisiva das mulheres indígenas na COP 30
- Foto: Ascom | Ascom MPI
À frente do evento “Mulheres liderando a ação climática e a proteção ambiental rumo a um planeta habitável!”, a ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara lançou um chamamento global para que mulheres de todo o mundo, entre lideranças, apoiadoras, financiadoras e ativistas se articulem num movimento para possibilitar a participação ativa e decisiva das mulheres indígenas na 30ª conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas - COP 30, prevista para ocorrer em Belém, no Pará, em 2025.
"São muitas mulheres em movimento em várias frentes e aquilo que nós queremos é apenas dar um direcionamento para fazer esse caminho até a COP 30”, disse Guajajara apontando a urgência de se garantir a representação e a participação de mulheres indígenas ainda na COP 28, a ser realizada em Dubai, nos Emirados Árabes, de 30 de novembro a 12 de dezembro deste ano.
Na busca de articular a presença das mulheres indígenas nos fóruns de decisão, a ministra disse que havia se reunido com a presidência da COP para reivindicar um mecanismo de apoio para garantir recursos e condições para que essa participação realmente aconteça. Segundo a ministra, poucas pessoas têm acesso ao espaço oficial da ONU e que é preciso garantir a participação das pessoas que estão protegendo diretamente os territórios, que estão concretamente na linha de frente contra as mudanças climáticas.
“Nós precisamos agora focar e centralizar todos os esforços para essa mudança de atitudes, mudanças de posturas também governamentais. Por exemplo, parar a exploração de petróleo e de minério não é mais uma opção. Agora é uma obrigação. E isso precisa ser compreendido por todos os governantes”, disse.
Confira aqui o discurso na íntegra
Até a COP 30, segundo os planos apresentados pela ministra, haverá vários encontros preparatórios para a participação das mulheres indígenas, começando com duas reuniões virtuais antes da COP 28, onde ocorrerá um encontro presencial de lideranças femininas. Em fevereiro de 2024, haverá um levante global das mulheres contra as mudanças climáticas em todo mundo a partir de seus próprios territórios, sejam elas “das águas, das florestas, das montanhas, dos oceanos”. “Organizem o seu movimento para que as mulheres possam estar realmente na linha de frente, com ações concretas, declarando mais uma vez essa emergência climática, e dizer que nós não teremos mais tempo”. Para a COP 30, além de garantir a participação das mulheres indígenas nos processos de decisão, a ministra buscará aumentar o espaço para comportar os eventos e as atividades indígenas.
A ministra destacou, lembrando a grande vitória desta quinta-feira (21/09) com a decisão do Supremo Tribunal Federal contra o marco temporal, que tudo o que se faz de forma coletiva, alcança resultado.
Ainda sobre o afastamento da tese do marco temporal como condicionante para demarcação de Terras Indígenas no Brasil, Guajajara disse que: “vencemos uma batalha e não a guerra” ; “A luta continua. Os desafios são imensos pra nós”, disse, apontando que o resultado favorável aos povos indígenas vem também com algumas preocupações, incluindo as relativas ao tema da mineração nos territórios e da indenização dos fazendeiros com as demarcações. “Então, são sim várias leituras e várias possibilidades que os poderes buscam para cada um atender seus interesses. E aí é isso. Seguimos de pé, seguimos alertas, atentos, contando com o apoio de todo mundo para continuar replicando essa voz, para continuar apoiando essa luta dos povos indígenas do Brasil que não acabou com o fim do marco temporal. Temos ainda muitos desafios e vamos seguir convocando vocês para estarem juntos”, disse a ministra, agradecendo a presença de todos.
Participaram do encontro, a Representante Permanente da Colômbia nas Nações Unidas) , embaixadora Leonor Zalabata, líder do povo Arhuaco; a ativista indígena brasileira Txai Suruí; a vice-presidente do povo Kichwa de Sarayaku, Samai Gualinga, do Equador; e Olivia Bisa, presidente do Governo Territorial Autônomo da Nação Chapra no Peru. A mesa foi mediada por Leila Salazar-López, diretora executiva da ONG Amazon Watch, e Luciana Weyne, jornalista brasileira e ativista da Avaaz.