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Em Nova Iorque, a ministra dos Povos Indígenas defende a importância dos povos e seus territórios para uma agenda civilizatória e humanitária para o mundo
- Foto: Leo Otero | Ascom MPI
Com um forte discurso afirmativo sobre a relevância da participação indígena na política e nas decisões planetárias, a ministra Sonia Guajajara participou nesta quinta-feira (21/09) do painel “A promessa central da Agenda 2030 de não deixar ninguém para trás e a proposta dos Povos Indígenas diante da Cúpula do Futuro”, na Sede da Missão Permanente do México das Nações Unidas.
A ministra apontou a criação do Ministério dos Povos Indígenas, uma reivindicação do movimento indígena no Brasil acatada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como um exemplo a ser seguido pelas nações constituídas também pelos povos originários para promover a sua participação direta no Executivo desses países.
A ministra relembrou a história da representação parlamentar dos indígenas no Brasil, citando o primeiro deputado federal eleito nos anos 1980, Mario Juruna; a atual presidente da Funai, Joênia Wapichana, eleita deputada em 2018; e a eleição de quatro deputadas indígenas para a Câmara Federal em 2022. “Nós lançamos essa iniciativa no ano passado, um chamado para ‘aldear’ a política. ‘Aldear’ a política é um chamado para essa compreensão de quem nós somos”, disse a ministra, primeira indígena a compor o primeiro escalão do Poder Executivo brasileiro.
Confira aqui o discurso na íntegra
Refletindo sobre os objetivos estabelecidos pela ONU, Guajajara afirmou que é preciso incluir os indígenas nas decisões e na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030 e regularizar seus territórios no mundo todo. “E quando eu falo território, eu estou falando do território terra, do território água, do território florestas e montanhas”. A ministra criticou o atual modelo global de produção alimentar, focado nas monoculturas que violam os direitos territoriais dos povos indígenas.
Ao falar da prioridade do Ministério dos Povos Originários em implementar programas de saúde e educação indígena, Guajajara ressaltou também a urgência do combate à violência contra os indígenas e nos territórios, sobretudo contra as mulheres. Para a ministra o assassinato de mulheres indígenas não pode ser visto como algo cultural. “Não podemos permitir mais nenhum ato de violência como costume ou como cultura de um povo. Se as mulheres e as meninas seguem sendo assassinadas, o futuro também está em risco. Afinal de contas, somos nós, mulheres, que somos mães. São as meninas que são o futuro do planeta”.
E o futuro do planeta, sintetizou a ministra, depende da afirmação dos direitos indígenas. “Se os direitos indígenas estão ameaçados, a biodiversidade toda também está ameaçada. E se essa biodiversidade está em risco, significa que o planeta também está em risco”.