Túnel Santos-Guarujá
Há anos se discute a possibilidade de colocar em execução o projeto de um túnel imerso que ligue os municípios de Santos e Guarujá. As cidades são separadas pelo canal do estuário, a uma distância de 400 metros, o que traz desafios à mobilidade urbana da população.
Além disso, as conexões hoje disponíveis entre ambos os municípios também apresentam impactos na operação do Porto de Santos, o qual é formado por um conjunto de terminais voltados à armazenagem e à movimentação de cargas e passageiros, se notabilizando pelo porte e pela localização, uma vez que se encontra instalado ao longo do estuário de Santos, limite natural entre os municípios de Santos, Guarujá e Cubatão.
Atualmente existem dois fluxos bem característicos quando se fala do tráfego entre as margens de Santos e do Guarujá, sendo estes: (i) o trajeto realizado de uma margem a outra do Porto de Santos, principalmente pelos veículos comerciais, utilizando-se o sistema viário da Cônego Domênico Rangoni, que pertence à concessão do Sistema Anchieta-Imigrantes e (ii) o fluxo de veículos de passeio, motociclistas, ciclistas e pedestres, que utilizam o sistema de travessias litorâneas por balsas/barcas, tendo como característica principal a necessidade de se deslocarem entre as margens para viagens diárias, por motivo trabalho ou estudo.
É importante destacar que a saturação destes sistemas fica evidente quando há alta temporada turística, em função do acréscimo de veículos de passeio a um volume já sensível de veículos comerciais. A travessia Santos-Guarujá realizada por meio das balsas, por exemplo, é considerada a maior do mundo em número de veículos transportados, com uma média diária de 14 mil. Em março de 2023, o Volume Diário Médio (VDM) registrado na travessia foi de 252 pedestres, 7.772 ciclistas, 14.072 veículos e 9.980 motos. A distância de aproximadamente 400 metros é percorrida em aproximadamente 7 minutos, sendo que a espera para a travessia pode variar de 15 min até mais de 1 hora, dependendo das condições da maré no estuário. O projeto de infraestrutura apresentado tem, por sua vez, a finalidade de atender a esta demanda histórica das cidades e dos usuários.
Considerando a relevância dada pelo Governo Federal e pelo Governo do Estado de São Paulo, o projeto fora qualificado tanto no âmbito do Programa Estadual de Parcerias Público-Privadas (PPP) em São Paulo e incluído no Programa de Parcerias de Investimentos do Estado de São Paulo (PPI-SP), quanto qualificado no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), por meio da Resolução CPPI Nº 291, de 22 de novembro de 2023. Além disso o projeto está inserido no Novo PAC.
No dia 16/02/2024 fora celebrado o Acordo de Cooperação Técnica – ACT que tem por objeto delinear as ações a serem adotadas pelos envolvidos na promoção do projeto de parceria público-privada envolvendo os serviços públicos de planejamento, para a construção, operação, manutenção e realização dos investimentos necessários à exploração de túnel imerso. Os órgãos signatários são: A União, por meio do Ministério de Portos e Aeroportos; O Estado de São Paulo, por intermédio da Secretaria de Parcerias em Investimentos; A Autoridade Portuária de Santos – APS. Além disso, o ACT tem como intervenientes as Agências Reguladoras ANTAQ e ARTESP.
O Acordo de Cooperação Técnica também foi responsável por criar um Grupo de Trabalho que conduzirá todas as fases do processo até o leilão. O Grupo é composto pelos citados signatários, além de integrantes da Casa Civil.
No dia 13/03/2024 fora realizada, nas dependências do Ministério de Portos e Aeroportos, a cerimônia oficial de abertura da consulta pública que tem por objeto receber contribuições de toda a sociedade acerca do estudo e dos documentos jurídicos referentes ao projeto do túnel. Importa destacar que o estudo é referencial e que a consulta será instrumento importante para seu aprimoramento. O MPor também realizará audiências públicas presenciais nos municípios de Santos e Guarujá.
Etapas da construção:
1. Preparação do solo
A primeira etapa é a preparação do fundo do canal onde o túnel será instalado. Uma trincheira é cavada no local para abrigar os módulos que formarão a estrutura. Também serão instaladas placas de concreto na vala para suportar os elementos de túnel.
2. Construção
Os elementos de túnel são peças de concreto construídas em uma doca seca, de preferência próxima ao local onde ficará o túnel. Os elementos contam com piscinas provisórias no seu interior. Os reservatórios fazem com que a estrutura não afunde na água em um primeiro momento.
3. Transporte
Quando as peças ficam prontas, elas passam por testes de vedação e impermeabilidade. Na sequência, a doca seca é inundada. Por conta das piscinas provisórias, os elementos flutuam para, desta forma, serem transportados por rebocadores para o local onde o túnel vai ficar.
4. Posicionamento
Os elementos são fixados em pontes flutuantes e posicionados por sistemas eletrônicos no ponto exato onde devem ser imersos.
5. Submersão
A água presente nas piscinas provisórias do interior dos módulos é bombeada, fazendo submergir lentamente os elementos do túnel. Esse processo é monitorado por sensores.
6. Ligação dos elementos
Por meio de guinchos hidráulicos, os elementos são aproximados, até o contato entre eles.
7. Acoplagem
A união final dos módulos de túnel contíguos é feita pela diferença de pressão atmosférica no interior do elemento já posicionado e a pressão que a água exerce no novo elemento.
8. Nivelamento
Em uma das extremidades do elemento, são ancorados macacos hidráulicos, que movimentam pinos de aço para nivelar o módulo. Os pinos são soldados e os macacos hidráulicos, retirados. Em seguida, é injetada areia na base, formando uma “cama” para assentar o elemento de túnel.
9. Proteção
Por fim, uma camada de pedras é utilizada para recobrir e proteger o túnel contra impactos de embarcações e o enganchamento de âncoras soltas.