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INTEGRAÇÃO
Ministério do Planejamento e Orçamento discute projeto Rotas de Integração Sul-americana com entidades sindicais em São Paulo
O Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) apresentou nesta quinta-feira (2/5), em São Paulo, o projeto “Rotas de Integração Sul-americana”. Essa iniciativa visa impulsionar o comércio do Brasil com os países vizinhos da América do Sul e abrir saídas para escoar a produção brasileira via portos do Pacífico, reduzindo o tempo e o custo do transporte de mercadorias tanto na região como para outros mercados.
A apresentação do MPO, realizada na sede da Força Sindical, na capital paulista, reuniu representantes da entidade e de setores da economia do Estado. No encontro, a ministra Simone Tebet falou sobre os ideais do projeto, apresentou a geografia de cada uma das cinco rotas de integração e enfatizou as oportunidades que serão geradas nos setores econômicos e sociais. Entre os benefícios projetados estão a criação de emprego e renda e o combate à desigualdade social na América do Sul, com reflexos por toda a América Latina.
“O Brasil, apesar de ter uma grande representatividade na América do Sul, tem encolhido suas relações comerciais na região nos últimos anos. O projeto das rotas de Integração Sul-americana surge, diante desse cenário, como uma alternativa de crescimento sustentável para viabilizar e estimular o comércio de produtos dentro da América do Sul, gerando, assim, sustento, emprego e renda para as famílias que vivem nessas nações”, explicou a ministra.
Pelo projeto, as rotas — formadas por rodovias, pontes, hidrovias, ferrovias, entre outros — ligarão cidades fronteiriças brasileiras com cidades de outros países da América do Sul, otimizando a logística e transporte das mercadorias entre as regiões. Isso permitirá aos países integrados a possibilidade de oferecerem produtos mais baratos e competitivos no mercado internacional regional. As rotas, ponderou Tebet, podem reduzir o trânsito de mercadorias para a Ásia em até 10 mil kms ou 21 dias.
“Por meio da iniciativa, iremos aumentar a competitividade dos produtos brasileiros e sul-americanos, ampliar o intercâmbio e os laços culturais com os países vizinhos e fortalecer a nova indústria brasileira. Isso será bom para quem já produz e tem emprego no Sudeste, mas também cria oportunidades nas regiões de fronteiras, via agroindústria. Por isso, o meu apelo é para o Sudeste pensar e valorizar cada vez mais a agroindústria do interior do Brasil, como uma forma de potencializarmos o nosso crescimento e a produção de mercadorias, visando a exportação aos países vizinhos”, disse Tebet.
"É importante que capital e trabalho olhem para o interior do Brasil. É a forma de crescermos e nos desenvolvermos para ser um país mais justo, mais humano, menos desigual. E para que nenhuma criança durma com fome", acrescentou a ministra.
O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, e o secretário-geral da entidade, de João Carlos Gonçalvez, agradeceram pela presença da ministra e destacaram o mérito da ação do governo federal no sentido de promover um Brasil mais justo, humano e solidário. “É muito importante que os movimentos sindicais estejam unidos e em sintonia para apoiar os projetos que ajudam o nosso Brasil a crescer cada vez mais. Vejo que, diante da apresentação feita hoje pela ministra, nós temos uma alternativa de melhorar o nosso comércio e, por sua vez, trabalhar para aumentar a geração de emprego e renda para a população brasileira”, destacou Torres.
Dirigente da Força Sindical/SP e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Adriano Lateri ressaltou a necessidade de o Brasil também proporcionar aos trabalhadores acesso à qualificação de mão de obra, no processo de crescimento da economia. “Diante da necessidade de impulsionar a economia, também é essencial — e um dos nossos maiores desafios, enquanto sindicalistas — trabalharmos para promover o emprego de qualidade e condições de trabalho adequadas para os trabalhadores”, disse.
Evento no Insper
Na terça-feira, dia 30 de abril, a ministra Simone Tebet e os secretários João Villaverde, de Articulação Institucional, e Sergio Firpo, de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas (SMA), participaram de um debate promovido pelo Consilium Insper, organização estudantil do Insper com foco em políticas públicas baseadas em evidências, também sobre integração sul-americana.
A ministra defendeu que, ao longo dos últimos anos, diferentes presidentes plantaram sementes para tornar a integração uma realidade na América do Sul. Se no passado a integração foi considerada um sonho, hoje a geografia econômica do mundo mudou e a produção brasileira também, disse Tebet. Estados Unidos e América do Norte compram entre si 40% do seu comércio. Na Europa, esse percentual vai a 68% e na Ásia está em quase 60%. “Mas na América do Sul, compramos entre nós apenas 14%”, ponderou a ministra. “Diante disso temos uma potencialidade”, acrescentou.
Ela contou que o MPO ajudou a articular o apoio financeiro dos bancos de desenvolvimento aos projetos de integração nos outros países, enquanto no Brasil, as obras já estão no orçamento. “Mas a logística é o pontapé inicial, é só o meio para a integração que queremos”, disse Tebet.
Após a apresentação, Tebet respondeu perguntas e explicou que o papel do MPO é de articulação das diferentes ações, o que está previsto em decreto presidencial a ser assinado em breve, que cria um conselho de ministros para as rotas. “Esse é um projeto do Estado”, disse.
Fotos: Francio de Holanda e Kelly Fersan