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Lula e Tebet defendem o potencial da integração sul-americana para a redução das desigualdades e geração de emprego e renda
O reforço da agenda da integração Sul-Americana foi defendido, hoje (14/08), pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, em evento organizado pela revista Carta Capital, em Brasília. Lula defendeu que a integração dos países vizinhos é um projeto fundamental para reduzir as desigualdades na região e dentro de cada um dos países. “Quero convencer os países da nossa região de que, separados, não deixaremos de ser pequenos", afirmou o presidente. “Não cresceremos sozinhos”, reforçou Tebet, pontuando que as cinco rotas da integração permitirão a criação de emprego e renda no Brasil e nos países vizinhos.
O presidente Lula, que abriu o evento, disse que o Brasil “precisa ser o carro-chefe da integração da América do Sul”, sem que isso represente um comportamento hegemônico. “Queremos construir parcerias e andar juntos", disse Lula, acrescentando que o projeto das cinco rotas de integração Sul-Americana, coordenado pela ministra Simone Tebet, permite criar um mercado consumidor de 400 milhões de pessoas ao somar a população brasileira com a dos demais países da região. É com os demais países da região que o Brasil vai criar um “bloco econômico forte”, defendeu o presidente.
“Uma infraestrutura comum é a base para um continente mais próspero”, acrescentou Lula, ponderando, contudo, que a integração vai além de portos, rodovias, infovias e outras estruturas físicas. Para o presidente, ela precisa também ser baseada em trabalho qualificado, ciência, tecnologia e garantir oportunidades de investimento e de geração de emprego e renda.
"Se há 50 anos a integração era utopia, hoje ela é realidade", disse Tebet, lembrando que a economia brasileira mudou e se deslocou para regiões de fronteira, tendo a China como destino prioritário das exportações. A ministra apresentou o projeto das cinco Rotas de Integração Sul-Americana no evento, logo após a participação do presidente da República.
Ela lembrou que, no Brasil, as rotas estão todas dentro do Novo PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) e por isso possuem recursos do orçamento federal. A partir de 2025 e 2026, disse, as primeiras obras já podem estar prontas. Uma das primeiras, explicou, é a dragagem na região de Tabatinga, no Amazonas, que permitirá o escoamento de produtos por uma rota majoritariamente hidroviária, a Amazônica.
"Ouso dizer que as rotas de integração regional a partir de 2026 poderão representar para o Brasil o que a reforma tributária representa em termos de aumento do PIB. Algo em torno de um crescimento de 1% do PIB ao ano. Isso significa emprego, renda, diminuição da desigualdade."
A presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Luciana Servo, também participou do painel. "A integração sul-americana vai permitir a redução das desigualdades regionais e trará uma nova configuração do desenvolvimento nacional e um novo processo de inclusão, sem esquecer da sustentabilidade", disse a presidente do Ipea.
O representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no Brasil, Morgan Doyle, lembrou que pesquisas apontam que a cada 10% de aumento na participação de um país nas cadeias globais de valor, o PIB per capita tem um ganho de 14 pontos percentuais, o que sinaliza a impacto positivo que as rotas, e a maior integração comercial que elas possibilitam, podem ter para o desenvolvimento do Brasil e da região. O BID é um dos bancos que apoiam financeiramente o projeto. A instituição alocou R$ 17 bilhões para apoiar obras relacionadas às rotas de integração.
Para o embaixador Luiz Augusto de Castro Neves, presidente do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), o projeto da integração tem o potencial para aumentar o fluxo de comércio e assim ampliar a competitividade produtiva do Brasil e de países da região em uma economia globalizada. “Aa rotas vão facilitar o comércio e o aceso ao mercado consumidor, e não apenas da China”, disse ele.